“O mensalão não existiu”, “O julgamento foi político”, “O Supremo não cumpriu a lei”, “Houve lesão à ampla defesa e ao devido processo legal”. O que frases como essas significam? A resposta é simples: mentiras. Bem, mas quais são, então, as verdades? As verdades são alvas e cristalinas: o mensalão existiu; o julgamento foi jurídico; o Supremo cumpriu a lei; não houve lesão à ampla defesa nem ao devido processo legal. Ponto final. Terminou. Essa é a verdade dos fatos; essa é a realidade da vida; e, é isso, exatamente isso, que deve ficar para a História. Aqui, no entanto, chegamos a uma questão sem precedentes: tem gente querendo transformar uma “estória” em História, ou seja, além da corrupção política, agora querem corromper o contexto histórico do Brasil.
Ora, vejam a que ponto a degeneração moral chegou em nosso país!
Aliás, o fenômeno é muito maior do que um degenerar da moralidade, pois quem degenera a moral ainda tem um fio de moralidade para tentar se agarrar, para ver que errou, para pedir desculpas, para assumir responsabilidades e, ao final, recomeçar com mais dignidade e decência. Todavia, quem degenera a História coloca os pés na imoralidade absoluta e, através da negação da verdade, passa a ser uma mentira ambulante. Sem cortinas, a última etapa da corrupção política é a corrupção da História, pois, quando a lei não mais abriga os desonestos, a única alternativa é tentar transformar a Justiça em uma farsa e a verdade e um mentira.
Os recentes ataques ao Supremo Tribunal Federal constituem fatos de gravidade singular. Objetivamente, “nunca antes na história desse país” houve tamanho acinte institucional e tamanha baixeza democrática. O projeto de poder que está em curso no Brasil é capaz de tudo. Não vamos nos iludir, ou melhor, vamos abrir os olhos. Não há limites éticos. Não há limites legais. Não há limites fáticos. Pensam que tudo pode ser manipulado; pensam que tudo pode ser posto a serviço dos interesses do poder; pensam que tudo pode ser corrompido. Pensam que são deuses políticos, quando, na verdade, não passam de simples criminosos do poder. E crime se combate com aplicação da lei e exemplar punição dos infratores. Daí o porquê dos constantes ataques à dignidade da colenda Suprema Corte.
O totalitarismo moderno é muito mais sofisticado que as espúrias ditaduras do século passado. Se antes o autoritarismo se impunha com limitações à liberdade física e material, agora o processo busca, prioritariamente, o aprisionamento da consciência livre. Nas atuais redutos totalitários, o periódico exercício do direito de voto concede uma aparente sensação de liberdade política. No entanto, liberdade não é uma sensação, mas um sentimento inato que, para ser integralmente vivenciado, precisa, primeiro, ser ensinado e, após, praticado diariamente em nossas vidas. Mas por que será que o ensino público está sendo destruído no Brasil? Por que será que a doutrinação marxista e o centralismo pedagógico voltam a, silenciosamente, se impor? Por que será que a mentira volta a ser fantasiada de verdade? E o que virá depois do fim do ensino público de qualidade, do apequenamento da lei e da violência contra a independência judicial?
O roteiro já está traçado. O próximo passo será a demonização da imprensa livre e do exercício da liberdade de expressão. O neoperonismo argentino mora ao lado e fala por si só. Está chegada a hora, portanto, de honrarmos o espírito público daqueles que, com dignidade, lutaram pela redemocratização do país. Os indignos, por sua vez, estão aí, fazendo baderna e muito barulho. E você onde está? Que tipo de História você quer contar para seus filhos e netos? Que tipo de liberdade você quer para o nosso Brasil? Uma liberdade verdadeira ou uma mentira livre?
E o Trensalão,e o Helipótero ? Nada ???