Sinto pena, respeito e até admiração pelos bravos deputados e deputadas que formam a pequena minoria pluripartidária que mantém a integridade e não se alia ao presidente indecente e seus ministros sinistros, nem à imensa banda podre multipartidária, dos réus e indiciados na Lava-Jato, empenhados em salvar a pele e, se possível, faturar algum em espécie, ou conseguir um cargo e nomear alguém para lhes servir. Senão, para que servem os cargos, não é mesmo?
Eles são tão venais que, se Dilma tivesse distribuído os bilhões de reais em emendas e os cargos que Temer lhes deu, certamente não teria caído, mesmo tendo quebrado o país e mentido criminosamente para ser reeleita.
Até Collor, se tivesse molhado as mãos suadas e ávidas dos geddéis e valdemares, que na época talvez tivessem outros nomes, mas eram os arquétipos de sempre, teria escapado do impeachment; afinal, as patifarias de PC Farias hoje iriam para o Juizado de Pequenas Causas.
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Claro, entre os bandidos estão muitos dos mais inteligentes, que podiam prestar ao país os serviços para que foram eleitos, mas aderiram ao lado escuro da força. Por isso, o “Axioma de Ulysses”: “O próximo Congresso será sempre pior do que o anterior”. Muitos novos honestos que entram acabam se corrompendo, e não se conhece caso de ladrão velho que se regenere.
Mas entre os bons e maus, há os burros e inteligentes. Na votação das denúncias da PGR contra Temer na Câmara, a minoria votou contra pelos motivos errados: por tentar fazer reformas indispensáveis. A maioria votou a favor pelas piores razões: se a economia melhorou, então tudo é permitido. Rouba mas faz 2.0.
Como sabem que nunca serão presos, mesmo dando corridinhas ridículas com malas de dinheiro, mesmo gravados pedindo dinheiro emprestado a um bandido, mesmo oferecendo-lhe um apartamento, em vez de anunciá-lo no Zap, resta-nos a vingança das urnas.
Os que se dizem vítimas da “criminalização da política” são os mesmos que politizaram o crime. E o STF não condena um político há quatro anos.
Nosso consolo e esperança são as eleições. Será o ano mais longo da nossa história
Fonte: “O Globo”, 27/10/2017.
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