Os potenciais candidatos à Presidência da República começaram a realizar uma intensa agenda de movimentação política. Aviões cruzam o país em busca de eleitores. As eleições já estão no ar.
O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, prestigia seu principal reduto eleitoral – o Nordeste – por meio de uma caravana pela região. Além da crítica ao governo Michel Temer, tem chamado atenção na movimentação do ex-presidente sua aproximação com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Lula elogiou Renan, assim como o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP). Segundo Lula, ambos o ajudaram a governar o país. A caravana tem sido mais um sucesso de imprensa do que de público.
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Dentro da estratégia de aproximação com o chamado “PMDB do Senado”, o PT, muito provavelmente sob a orientação de Lula, revelou que gostaria que o empresário Josué Alencar (PMDB-MG), filho do falecido ex-vice-presidente José Alencar, fosse o parceiro de chapa de Lula.
Lula também realizou movimentos, embora sem sucesso, em direção ao PSB. Foi divulgado que o ex-presidente gostaria de ter o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), como seu vice. Porém, como Câmara pode disputar a reeleição em 2018, é pouco provável que abra mão de uma nova disputa ao Palácio das Princesas para ser candidato a vice.
No PSDB, os dois candidatos em potencial ao Palácio do Planalto – o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, João Doria – optam por estratégias distintas.
Alckmin, que na semana passada assumiu publicamente em um post no Twitter que deseja concorrer à Presidência, fortalece sua aliança com o presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Seu objetivo é assumir o controle da executiva nacional tucana, instância fundamental para a definição do candidato do partido ao Executivo em 2018.
Doria tenta se consolidar como “anti-Lula”, criticando fortemente o ex-presidente. Ele também utiliza com bastante eficiência as redes sociais, nas quais registra em tempo real sua atuação como prefeito e aparece trabalhando nas obras da prefeitura. A intenção é reforçar o slogan que fez sucesso na campanha eleitoral do ano passado: “João Trabalhador”. Utilizando com inteligência as redes sociais e colocando-se como o antagonista de Lula, João Doria mostra uma estratégia mais consistente do que a de Alckmin.
Também pré-candidato ao Planalto, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) esteve em Porto Alegre, onde participou da inauguração de uma nova placa com a carta-testamento do ex-presidente Getúlio Vargas, no dia 24 de agosto, data em que o suicídio do líder trabalhista completou 63 anos. Ciro tem realizado um discurso à esquerda, visando atrair o eleitorado desiludido com o PT. No entanto, suas aparições revelam um político de ideias e narrativa envelhecidas. Terá que mudar muito para ser realmente um competidor forte.
O deputado federal Jair Bolsonaro (Patriotas-RJ), que nas pesquisas de opinião desponta em segundo lugar, sendo superado apenas por Lula, está preparando um roteiro de debates nos Estados Unidos para promover seu nome. A estratégia, segundo reportagem publicada pela “Folha de S.Paulo”, na última sexta-feira (25), é direcionar sua mensagem a investidores, analistas e eleitores brasileiros. É um movimento interessante. Mas que poderá resultar em debates em terrenos em que ele não tem muito conhecimento. Talvez, para o movimento de se criar a figura de Bolsonaro confiável para os mercados, ainda seja cedo.
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