Michel Temer deve vencer mais uma vez, agora na Câmara dos Deputados. Esta certeza vem embalada na análise da capacidade do PMDB e do presidente em realizar articulações políticas muito bem-sucedidas. Tem sido assim sempre. Neste campo, o jogo está nas mãos de bons negociadores e esta característica sempre permeou o partido que ocupa agora o Palácio do Planalto esta semana, portanto, tende a apresentar poucas surpresas.
Mas enquanto houver bambu, haverá flecha. Janot, decidido a derrubar o governo, continuará sua cruzada contra Temer. Uma nova denúncia deve chegar na Câmara dos Deputados e acompanharemos o mesmo rito. O resultado deverá ser o mesmo. O governo sobreviverá, enfim, dentro do jogo político. É o que mais interessa também aos diversos grupos que miram em 2018. Ninguém deseja ver uma alteração significativa no quadro da sucessão trazendo um elemento surpresa para o pleito que se avizinha.
O que intriga muitos analistas é o fato de o governo se manter, mesmo diante de tantas ofensivas e sendo tão impopular. Isto é uma incógnita, mas vale lembrar que, mesmo impopular, cerca de 30% da população não deseja a saída do presidente. Isto significa que muitos brasileiros não aprovam, mas também não desejam que Temer deixe a Presidência.
Fato é que este governo tem se mostrado reformista, disposto a pagar o preço da impopularidade, mas realizando mudanças significativas que tornarão a vida do seu sucessor extremamente mais fácil. Sendo assim, melhor deixar o ônus das reformas com Temer e surfar em seus resultados a partir de 2018, do que trocá-lo por um eventual adversário que possa colocar tudo a perder e ainda se credencie para sua sucessão.
O Brasil há tempos necessitava de uma reforma trabalhista, que finalmente passou pelo Congresso. A limitação de despesas com a adoção do teto de gastos foi outro ganho enorme para os próximos anos, assim como a extinção de um sem número de cargos na administração pública federal. Reforma do ensino médio. Reorientação da política externa. Auditoria no Bolsa Família com aumento real no valor do benefício. Auditoria que detectou fraudes no INSS com valorização dos peritos. Queda do Risco Brasil. Queda vertiginosa da inflação. Queda dos juros. Renegociação da dívida dos Estados. Valorização do Real. Lei da Repatriação. Lei das Estatais. Fim da depressão econômica depois de oito trimestres. Maior crescimento do agronegócio em 20 anos. Taxas de emprego começaram a reagir.
Enfim, Temer faz o difícil e impopular trabalho de recolocar o Brasil nos trilhos. Certamente, sua popularidade não será alta, mas se conseguir se manter à frente do governo, a vida dos brasileiros voltará a melhorar. Será melhor para todos, até para seu sucessor que a agenda de reformas siga em frente, inclusive com a Previdência. O mundo político prefere Temer no Planalto.
Fonte: “O Tempo”, 31/07/2017
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