Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família. Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.
Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O valor da calça: trezentos reais! Talvez seja parte do conceito de “justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de grife para bailes funk.
Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e paternalista.
O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).
O ex-presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?
A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?
Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?
O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.
Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista. Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.
Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma. Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”
É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe. Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.
Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.
Fonte: O Globo, 28/05/2013
Qual o momento que Marilena Chauí está mentido? Classe média burguesa está apavorada pois os programas sociais tem dado certo e o pobre tem passado a consumir mais e mais,porém o mais e mais,não vai adiantar se colocarmos na cabeça desses beneficiários dos programas sociais(bolsa-família que você tem horror)que eles tem que pensar também,criar uma classe formadora de opinião para confrontar com a sua e demais da mesma classe.
O Bolsa-família tem seus erros,e são muitos,contundo já tiraram mais de 12 milhões da miséria. Sabe o que é isso? Claro que não! É classe media burguesa. Classe média burguesa gosta de ver até um beneficiário do Bolsa-família consumir,mas,no dia que ex-miserável começar a pensar e questionar a burguesia vai ficar ainda mais pirada.
Rodrigo,continua defendendo sua classe. Brevemente estaremos em pé de igualdade,junto morando perto de vocês,pensando e criando uma classe não digo “C ou D”,e sim formadora de opinião.
Rousseau: “entre o forte e o fraco a liberdade oprime; só a lei liberta”.
Quem paga o salário da Chauí, não é a classe média, mas a maioria pobre do estado paulista, pois o ICMS é a principal fonte de renda da universidade “pública”, ocupada sim, pela minoria rica.
Fui censurado novamente?
bom artigo!
na realidade, o q o pt faz e’ usar um esquema inventado ha 2000 anos, chamado “pao e circo”
ver detalhes em http://en.wikipedia.org/wiki/Bread_and_circuses
essa e’ a forma ideal de manter o pais no atraso
Volte a esse assunto quando entender que bolsa família é ajuda, e não sustento. Quem o recebe não é vagabundo
Prezado leitor,
por vezes, os comentários podem ser direcionados à caixa de spam e precisam ser resgatados e lidos a fim de eventual aprovação.
Todavia, é necessário esclarecer que comentários ofensivos, com palavras de baixo calão e outros que não acrescentam à discussão, serão reprovados.
Certos de sua compreensão,
Acredito que este país está perdido. Nem em 100 anos nos recuperaremos desta tragedia que o partidão fez, está fazendo e deseja fazer ´pelos próximos anos. Enquanto os pagadores de conta não reclamarem, NADA vai mudar. O problema é que os pagadores da conta ainda não perceberam a verdadeira carga que carregam.
O conceito de classe média é uma abstração entre nós. Aqui o que mais se assemelha a esta ideia de classe é a do funcionarismo estatal. Independentemente do viés ideológico está fortemente enraizado no imaginário do brasileiro o papel do Estado como indutor da economia e para gerir esse processo somente uma burocracia aristocrática via seleção pública. Esse conceito de justiça justifica as aposentadorias especiais e uma massa salarial bem maior e mais vantajosa que o a da iniciativa privada. Logo se houver uma forte cooptação via as mais rudimentares formas de cabresto a grande choldra associado a uma forte sedução que o Estado exerce nos cérebros mais privilegiados deixa os que restam sem representação publica. O atual governo com o seu amplo leque de alianças em prol da famosa governabilidade sintetiza e reforça o movimento de pinça de quem não tem bolsa família, BNDS, e afins. Ninguém em sã consciência irá jogar contra o seu próprio patrimônio. Só nos resta o estoicismo então.
Enquanto o Rodrigo critica o Bolsa Família, nada diz sobre as muito maiores despesas do governo com a taxa de juros, que beneficia uma minoria privilegiada.
Depois do que eu li acho melhor você mudar para algum país escandinavo e verá que os impostos lá são bem diferentes do que você pensa.
O autor do texto é fraquíssimo. Usa de termos e chavões de adolescentes de direita, que são tão chatos quanto os de esquerda. Citar o vídeo da senhora que fala da calça de 300,00 é pra dar risada do nível de debate levantado por esse rapaz. Com uma defesa dessas, o governo não precisa de mais nada.
Se todos os eleitores tivessem uma consciencia política ,saberiam que programas clientelistas como o bolsa-família são um tiro no pé dos cidadãos ,que com o passar dos tempos se tornam um freio no desenvolvimento economico .Parabéns ao Rodrigo Constantino por este texto .
O bolsa-família tem que ser visto por dois viés: É um programa emergencial(provisório)e infelizmente abre brechas para erros. Porém,nada que invalida o seu projeto que tirar as pessoas da miséria.
Infelizmente temos uma classe média burguesa e reacionária que sempre viveu e vive nas custas desse mesmo que beneficiário do bolsa-família.
Recentemente foi noticiado que mais de 1,5 (milhão)de pessoas deixaram de depender do bolsa família pelo fato dos programas de qualificação profissional do mesmo programa.
Queria que o IMIL,mostrasse este outro fato,mas,acredito que o articulista e o instituto não vai perder o valioso tempo em divulgar este lado do bolsa família.
PARECE-ME QUE A MAIORIA DOS COMENTÁRIOS SÃO DE PESSOAS QUE APROVAM ESMOLAS E BENESSES SEM RECONHECER O ESFORÇO MERITÓRIO DOS INDIVÍDUOS.
A SOLUÇÃO É TRABALHO, EDUCAÇÃO…
O TEXTO ESTÁ MUITO REAL.
ESQUECEU DE FALAR DO SISTEMA DE COTAS QUE, TAMBÉM, É UMA ABERRAÇÃO DESSE SISTEMA IMPLANTADO DE ESTÍMULOS A TOTAL INVERSÃO DE VALORES.
NÃO AUTORIZO O GOVERNO A DISTRIBUIR BENESSES COM O MEU DINHEIRO, COM FINS ELEITOREIROS.
Senhora Marilene,o texto é real porque foi escrito,acontece que o outro lado da história não contado conforme citei acima. O bolsa família é temporário e sou critico em dizer que o mesmo programa abre brechas para erros,o que não desabone o programa. Existe erros,não existe meia verdade. Tenho um amigo por coincidência foi um beneficiário do bolsa família. O mesmo não utiliza mais pois não havia mais necessidade. Fez um curso de qualificação profissional e logo depois o filho oferecido pelo programa,contudo,hoje não precisa mais. Se a senhora e outros comentasse a falta de fiscalização tudo bem,mas,dizer que um fracasso um programa que tirou 12 milhões da miséria.
Estamos precisando de educação? Sim! Estamos precisando de trabalho ? Sim! Então o bolsa-família tem tudo haver.
Em geral quem é critico ferrenho do bolsa é porque nunca passou fome ou se passou não tem sentimento.
Perdão,esqueci!
Sou COTISTA E SINTO MUITO ORGULHOSO! NÃO TENHO VERGONHA E NEM COMPLEXO DE INFERIORIDADE.
O STF já bateu o martelo.
O seu texto é excelente e deveria fazer parte do nosso rol de indignações. Lamento apenas discordar do rótulo desgastado e impreciso de “esquerda”. “Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, ….” Quem está no poder no Brasil não é esquerda. Além desses conceitos já não significarem o que significavam no passado, está cada vez mais difícil saber o que são decisões “da direita” e “da esquerda”. Para mim, tudo se reduziu à luta por poder, setor privado incluso.
A outra frase que, a meu ver, denota uma ideologia oclusa é: “Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.”. O sempre mais eficiente não é verdade em termos globais, pois, ao contrário do que se quer fazer crer, há vários exemplos de serviços públicos estatais no mundo tão eficientes ou mais do que os privados. No caso brasileiro, o problema é que já mostramos que não sabemos privatizar e também não sabemos gerir empresas estatais.
Esse bolsa família, cota racial e tudo mais e um meio de manter o povo brasileiro mais ignorante do que é.Assim fica mais fácil poder manipular.O bolsa família e um convite ao parasitismo, coisa que os nordestino sabem muito bem o que é.Eu odeio o PT. Odeio o \\lula. Esse tipo de assunto obscurecem outros tao importante quanto a contrabando de nióbio, do qual somos donos de 98 % da jazida mundial . Acordem