Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), as reservas recuperáveis no campo de Libra, na Bacia de Santos, chegam a 15 bilhões de barris de óleo. No entanto, os petroleiros que, esta segunda-feira, 21 de outubro, protestaram na Barra da Tijuca, bairro carioca em que o leilão aconteceu, acusam o governo de entregar a riqueza nacional ao capital privado e por um valor irrisório.
O economista Raul Velloso diz que não existe argumentos que impeçam o setor privado de investir nessa área. O ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento acrescenta que o governo não dispõe de recursos para tanto. “O governo não tem como capitalizar a Petrobras”, enfatiza.
Velloso acredita que o uso do dinheiro obtido a partir das concessões deve ser a principal preocupação. “Há o risco de o setor público desperdiçar recursos que deveriam ser investidos em áreas críticas, como infraestrutura, que dão um retorno à sociedade. O dinheiro não pode ser empregado em nenhum gasto corrente”, argumenta.
Citando o leilão das rodovias, Velloso chama a atenção para a distorção do modelo de concessão. Segundo ele, o formato favorece a entrada de empresas despreparadas na disputa. O economista explica que o governo deixa de realizar duas etapas importantes para a licitação: a pré-qualificação e o plano de negócios.
“O governo contrata às cegas, baseado apenas nas ofertas dos candidatos, que, muitas vezes, oferecem tarifas irreais só para vencer a concorrência e depois pedem socorro”, critica.
Do ponto de vista financeiro, Velloso reforça que a Petrobras não está preparada para explorar o pré-sal sem o apoio do setor privado. Ele lembra que o governo interferiu de tal forma na dinâmica de preços que empurrou a empresa para dificuldades financeiras além do normal. “Analisando ainda a questão da gestão, as empresas estrangeiras podem proporcionar mais ganhos em produtividade”, conclui.
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