Efeito da alta do dólar seria mais favorável se houvesse um cenário do mundo crescendo muito – mas ele não está, segundo economista do Santander
A expectativa de retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos levou o dólar para perto do patamar de R$ 2,30. Enquanto o mercado estiver reequilibrando suas carteiras, com mais ativos norte-americanos e menor presença de emergentes, a volatilidade permanecerá elevada, pressionando o real, segundo relatório do Itaú, assinado pelo economista-chefe Ilan Goldfajn. Nesse cenário, os setores que dependem mais de importações são prejudicados, enquanto os exportadores se beneficiam da alta do dólar – o benefício é maior quanto menos dolarizados forem os custos do setor, segundo Adriana Dupita, economista do Santander.
Esse é o lado econômico. Do ponto de vista financeiro, os setores que sentem mais a alta do dólar são os que tem dívida em dólar mas não tem receita em dólar, como empresas que operam no mercado doméstico mas se endividaram no exterior, segundo Emerson Marçal, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Nesse caso, vale ver o hedge (cobertura) das empresas.
Não dá para esperar que o efeito da desvalorização do real será sentido amanhã, segundo Adriana. No começo de 1999, por exemplo, ocorreu uma desvalorização do real – e o superávit na balança comercial só foi visto em 2001. “Tudo isso demora para ter efeito, especialmente quando se fala de exportações – o que se espera, com o preço mais competitivo em dólar, é conseguir mercado maior. O efeito seria mais favorável se houvesse um cenário do mundo crescendo muito, mas ele não está. Nem as economias para as quais o Brasil exporta commodities, como a China”, disse Adriana.
O Itaú Unibanco acredita na volta do real para um patamar mais depreciado que no passado. O banco projeta que o real vai se acomodar ao redor de 2,18 por dólar, acima da projeção anterior, de 2,07. Para 2014, a projeção subiu de 2,10 real por dólar para 2,18.
Se ocorre uma desvalorização absurda – e não é isso que o Brasil vive hoje, segundo Adriana – todos os setores são prejudicados. Veja como a alta do dólar afeta alguns setores, do ponto de vista econômico:
Alimentos e bebidas
A alta do dólar torna o setor um pouco mais competitivo – dependendo de quem importa mais ou menos insumos. Mas, basicamente, é a lógica dos produtos manufaturados, que ficam mais competitivos com a alta do dólar.
Quando ocorre desvalorização cambial, o mais esperado é aumentar a exportação de manufaturados, segundo Adriana. Apesar de ser necessário observar caso a caso, para os manufaturados, uma parte relevante do custo de produção está em reais – os salários, por exemplo. Assim, o custo cai com a desvalorização da moeda, mais acentuadamente para quem usa insumos locais e menos para quem usa importados.
No caso de alimentos e bebidas, com a maior competitividade, os fabricantes podem reduzir o preço do produto em dólar para aumentar as vendas no exterior ou aumentar o preço no Brasil em decorrência do aumento de preço dos concorrentes importados.
Automóveis
No custo de produção do automóvel há uma parte dolarizada que fica mais cara com o real desvalorizado – mas como há grande parte determinada em reais, como salários, impostos, entre outros, o preço de produção em reais não sobe tanto, enquanto o preço, em dólar, cai.
“O carro brasileiro fica mais competitivo para exportações e também no mercado doméstico em relação aos importados. Cada empresa se beneficia mais ou menos dependendo do quanto ela exporta daquilo que é produzido e do quanto ela importa para produzir”, afirmou Adriana.
Aviação
As empresas aéreas sentem a alta do dólar por terem custos majoritariamente dolarizados – o combustível é o principal deles. As aéreas que vendem mais passagens internacionais acabam ficando menos expostas do que aquelas cujo foco é nacional. “De maneira geral, é meio óbvio que para as empresas do setor de aviação há maior impacto do lado de custos, mas não é óbvio dizer que todas terão efeito semelhante, pois cada uma tem seu portfólio de receita, que dá ou não hedge natural”, afirmou Adriana.
Eletrônicos
No mercado doméstico, os produtos nacionais ficam mais competitivos porque o importado fica mais caro. Nesse caso, as empresas podem ampliar sua margem ou tentar ganhar participação de mercado. “Esse tipo de decisão também não é homogênea nos setores”, disse Adriana. E também é necessário levam em consideração o peso dos componentes importados.
Varejo
Os setores que importam mais no varejo – como os que importam roupas e calçados da China,– podem ser bastante afetados, segundo Gabriela Fernandes, economista do Itaú Unibanco. Em lojas de vestuário, a receita não sobe com o câmbio, e em parte das grandes empresas de vestuário o custo é dolarizado por causa da importação de tecidos e roupas. “Em uma loja de supermercado, quanto maior a porcentagem de importados maior a perda”, disse Adriana.
Farmacêutica
“A indústria realmente é um setor muito afetado porque a maior parte dos bens de capital são importados”, afirmou Fernandes. O efeito mais imediato do câmbio é sobre as importações. Dado o nível de importações do segmento industrial a alta do dólar pode impactar mais ou menos. O setor farmacêutico, por exemplo, que utiliza muitos insumos importados, sente a alta, segundo Adriana.
Mineração/siderurgia
Esses setores, em geral, beneficiam-se, porque tem custos em reais e receita em dólar. Para as commodities, a alta do dólar significa “mais reais”, em geral. Mas, para cada commoditie é necessário ver se o custo de produção envolve dólar – e o quanto.
Petróleo e combustível
Entre os setores responsáveis pelas maiores fatias das exportações brasileiras (minério de ferro, soja, açúcar, carne de frango, entre outros), o de petróleo é o único que, via de regra, não seria beneficiado pela alta do dólar. Isso porque o petróleo é o principal produto importado pelo Brasil e pela dificuldade existente em repassar a elevação nos custos para os preços no mercado interno.
Serviços
O setor de serviços não é muito influenciado pelo dólar, segundo Adriana. Mas alguns setores mais expostos a estrangeiros, como o turismo, podem sentir alguma diferença. “Há pouco tempo atrás, o turismo no Brasil (hotel, transportes, entre outros) era muito caro para estrangeiros. Agora com a alta do dólar, se preço o em reais não subir, fica mais competitivo e o consumo pode aumentar”, disse.
Fonte: Exame.com
Quem perde mais é o poupador (-que alguns chamam de rentista!)
Seu patrimônio em dólar foi reduzido e os preços dos produtos aumentados!
A midi desvalorização nada tem a ver com a mudança nos EUA, mas com o interesse
do atual governo em promover um ataque ao patrimônio do poupador e culpar os Estados Unidos, agora pelo sucesso!
Ninguém tem a decência de mostrar a perda em dólares que sofreu o montante aplicado na Caderneta de Poupança, por exemplo?
Quem perde é o poupador! , este palhaço que chamam de rentista!
Gilberto Naldi o poupador não perdeu nada em dólares já que a poupança não é atrelada ao dólar, baseado no seu penamento os preços cairam também, então o que ele perdeu por um lado, ganhou pelo outro. ng saiu batendo palmas pro governo quando o dolar se valorizou, pelo contrário criticaram pq os preços em dólar ficaram muito altos, agora que ocorre o movimento inverso só querem enxergar a outra parte