Estava eu, como de costume, contestando a corrente. Por natureza, de omnibus dubitandum. Lendo certas discussões e ouvindo o que a massa apregoa, vejo a mediocridade reinante do senso comum. Desculpem-me, mas a maioria tende à estupidez, sempre! Já dizia Nelson Rodrigues: toda unanimidade é burra.
Uma das coisas que a vida me ensinou, é que temos que respeitar o contraditório, ouvir as opiniões e formar a nossa. Mas ter personalidade não vem sendo o forte do povo tupiniquim.
Qual deveria ser, por exemplo, a primeira coisa que um historiador aprendesse? Que não existe verdade histórica, existem fatos e versões. Mas, longe disso, vemos uma infinidade de doutores da razão pregando baboseiras país afora. E pobre do aluno que não escrever exatamente o que o mestre quer ler.
Fala-se muito de nossos políticos, e falam mal. Mas quem elegeu? Basta lembrar que temos verdadeiras excrescências eleitas com a maior votação nominal. O povo tem o governo que merece! Ninguém gosta de ouvir e admitir que, via de regra, temos milhares de defeitos. Somos facilmente corrompíveis, acomodados ao extremo, só trabalhamos na pressão. Disciplina consciente? Ah, mais uma utopia buscada e nunca alcançada. Minha conclusão é de que estamos perfeitamente representados no congresso nacional e demais casas legislativas, é o reflexo exato da nação.
Eu respeito as demais pessoas, seus cultos e paixões, mas não queiram impor suas tendências a quem discorde delas. Jamais vou entender – nem mesmo tentar – a idolatria aos bovinos feitas em músicas, sejam sertanejas, pagodeiras ou demais gêneros. Se o axé vende milhões de cópias, não compro! Tudo que vira gosto da massa, de imediato já ganha minha antipatia. Se todo mundo vai à igreja no domingo, eu vou pro bar.
Não é porque Saramago morreu ou vendeu milhões de livros que tenho que gostar do que escreveu. A pior leitura que fiz nos últimos anos foi Quando Nietzsche chorou, e esse livro vendeu milhares de cópias, bem como foi idolatrado por muita gente.
Outro dia acompanhei uma série de artigos de um escritor, onde ele – ateu convicto – malhava o coitadismo que tomava conta de seu público, também ateu. Ele alega que nunca viu preconceito contra essa classe, o que a massa atéia discorda completamente. Corroboro com o autor, já me defini ateu por inúmeras vezes e nada sofri em consequência disso. Noventa por cento das bandeiras exaltadas pelas minorias, não passam de recalques pessoais, de pré conceitos que eles mesmos criaram e não conseguem desapegar.
Em tempos de patrulhamento politicamente correto, fica difícil incutir na cabeça dos demais que devemos raciocinar por nós mesmos. Tudo deve seguir uma tendência, remar conforme a maré. Senso crítico e raciocínio lógico praticamente inexistem. Eu, por exemplo, não quero pensar como a maioria, e ela, em contrapartida, têm a obrigação de discordar de mim. Chega de ruminantes, duvidem!
Publicado no blog de Afonso Vieira
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