A arrecadação com impostos estaduais cresceu em 15 estados e no Distrito Federal ao longo deste ano apesar da pandemia de covid-19, de acordo com boletim do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária).
A receita com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), arrecadado com base no consumo e aquecido pelo auxílio emergencial, teve o principal peso no resultado.
Na soma de todos os estados, a arrecadação com tributos caiu apenas 0,72% de janeiro até o dia 1º de dezembro, na comparação com o mesmo período de 2019.
O resultado mostra que o socorro dado pela União aos governos estaduais na pandemia superou em R$ 50,75 bilhões as perdas de receita, de acordo com levantamento do Estadão/Broadcast no Siga Brasil, sistema mantido pelo Senado. O resultado considera todas as transferências extraordinárias feitas para combater a crise do novo coronavírus durante este ano.
Em Mato Grosso, por exemplo, a arrecadação com tributos estaduais cresceu 16,33% até o dia 1º de dezembro, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Foi o estado que mais teve ganhos com o recolhimento de impostos.
O governo estadual atribui o resultado ao fim de incentivos fiscais no comércio, ao consumo aquecido pelo auxílio pago a trabalhadores informais e desempregados e à atividade econômica no entorno do agronegócio.
Na pandemia, o governo negociou com o Congresso a transferência direta de verbas para estados com valores definidos previamente sem relação com a arrecadação. Por causa da crise, o repasse foi feito sem reduzir despesas e por meio de endividamento.
Além disso, o Planalto definiu uma medida para compensar as perdas no FPE (Fundo de Participação dos Estados) e adiou o pagamento das dívidas com a União.
A Câmara chegou a elaborar um projeto que previa a compensação por perdas no ICMS de abril a setembro, sem um repasse previamente definido. O governo, porém, negociou uma proposta diferente com o Senado com valores definidos.
Um dos argumentos foi que a compensação sem uma quantia fixada seria um “cheque em branco” e levaria governadores a descuidar das contas públicas.
O resultado da estratégia do governo causou um excesso de R$ 25 bilhões no socorro aos estados, considerando os valores repassados com a lei aprovada no Senado e as perdas de arrecadação dos Estados de abril a setembro com ICMS, conforme previa a proposta da Câmara.
Fonte: “Estadão conteúdo”, 03/12/2020
Foto: Getty Images