Ao comprar um Gol zero quilômetro, um morador da Pavuna desembolsava, em setembro do ano passado, cerca de R$ 2.200 para fazer o seguro do veículo. Hoje, se ele adquirir o mesmo carro, pagará por um apólice idêntica pelo menos R$ 5.200, de acordo com uma simulação realizada pelo Sindicato das Corretoras de Seguros (Sincor-RJ) a pedido do GLOBO. O aumento de 136% tem um motivo bem conhecido dos moradores do Rio: a explosão na estatística de roubos de veículos. Dados divulgados ontem pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que, somente em 2017, o estado registrou 45.681 casos, o equivalente a 150 por dia ou um a cada dez minutos, em média.
O aumento de 36,8% na estatística de roubos de veículos de janeiro a outubro (em relação ao mesmo período de 2016) escancara o tamanho do problema. Com a crise na segurança, pelo menos uma empresa, a BNP Paribas Cardif, suspendeu temporariamente a oferta de seguros para veículos em território fluminense por causa da violência — a companhia, contudo, trabalhava com uma base pequena de corretores no estado. Atualmente, cerca de 30 seguradoras oferecem contratos no Estado do Rio.
— Cada uma delas atua de acordo com a própria estratégia, mas é claro que, diante do cenário, o setor precisa reposicionar a política de preços. A seguradora tem que manter uma sanidade financeira — disse Ronaldo Vilela, diretor-executivo do Sincor-RJ.
Henrique Brandão, presidente do sindicato, afirmou que, em alguns municípios da Região Metropolitana, e também em determinados bairros cariocas, fazer uma apólice está deixando de ser um bom negócio:
— Há determinados locais em que o índice de sinistralidade já beira os 10% (o que equivale a um carro roubado para cada dez segurados). Cada companhia tem um perfil de frota, então o número varia, mas é fato que a operação de seguros de carro no Rio está dando prejuízo. O resultado é a alta nos preços.
Uma das três maiores seguradoras que atuam no mercado fluminense, a Tokio Marine registra uma sinistralidade de 2% em seus contratos no estado, percentual bem superior à média nacional — 0,8%. Enquanto em alguns pontos da Região Metropolitana esse mesmo índice chega a 5%, em Petrópolis é dez vezes menor: 0,5%.
Para driblar tamanha variação, a Tokio Marine passou a oferecer produtos diferentes no estado. Há, por exemplo, apólices exclusivas para casos de roubo e seguros que incluem a instalação de um rastreador no veículo do cliente.
MAIOR ÍNDICE FOI DE CELULAR
Roubo de celular foi o tipo de crime que apresentou maior aumento em outubro, segundo o balanço do ISP. Foram 2.248 casos, ou seja, 301 (15%) a mais que o total registrado no mesmo mês no ano passado.
A estatística de homicídio apresentou 14 casos a mais, passando de 465, em outubro de 2016, para 479, no mês passado. A de letalidade violenta — que soma o total de homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e autos de resistência — registrou um crescimento de 1,9% (de 589 para 600 ocorrências).
Por outro lado, os roubos de rua (soma de assaltos a transeuntes e roubos em ônibus e de celulares) apresentaram queda de 12,2%. Ao todo, 10.908 roubos deste tipo foram registrados em outubro. No mesmo mês do ano passado, o número chegou a 12.430.
Fonte: “O Globo”
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