O governo da primeira mulher presidente da República repete um padrão da iniciativa privada: a pouca participação feminina nos principais cargos de chefia. Uma pesquisa da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), vinculada ao Ministério do Planejamento, mostra que, quanto mais importante o cargo de confiança, menor a presença de mulheres. No topo dos postos de chefia, elas ocupam menos de um quarto das vagas.
Procurado, o próprio governo reconhece que há uma “perversa desigualdade de gênero” nos cargos de livre nomeação, ou seja, que não exigem concurso público. No Executivo, 46% dos servidores são mulheres. Esse percentual é refletido nos cargos de direção e assessoramento mais baixos (DAS-1, DAS-2 e DAS-3), nos quais o percentual de mulheres é de 45%, 45% e 46%, respectivamente. Nesses postos, os salários variam de R$ 2,2 mil a R$ 4,7 mil.
No entanto, à medida que o cargo ganha importância, essa equiparação desaparece, e a diferença cresce bastante. No caso dos DAS-4, com salários de R$ 8,6 mil, o percentual de mulheres cai para 38%. Ele piora no DAS-5, com salários de R$ 11,2 mil, que tem apenas 29% de mulheres.
A elite dos cargos de chefia, o DAS-6, com salário de R$ 14 mil, tem apenas 22% de mulheres. O estudo, no entanto, mostra que há 12 anos a situação era ainda pior, quando apenas 18% das mulheres ocupavam esses postos.
O aumento nestes últimos anos, segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres, é resultado de uma “política afirmativa de empoderamento das mulheres”, que incentiva a igualdade de gênero nos espaços de decisão. “No entanto, é preciso reconhecer que ainda há uma perversa desigualdade de gênero, mesmo nestes cargos de livre nomeação dos gestores. As mulheres, apesar de terem em média 12% de escolaridade superior aos homens, ainda ganham menos. Isto representa os valores da cultura patriarcal e reforça o nosso maior desafio e compromisso de superá-la”, disse a secretaria.
Fonte: Extra.
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