Fernando Henrique entregou o governo ao presidente Lula com uma participação no PIB global maior do que a que Lula entregará a seu sucessor.
O Fundo Monetário Internacional prevê que, em 2010, o Brasil terá 2,9% de participação na produção de riqueza mundial, vale dizer, 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) do globo, mesmo considerando crescimento previsto, neste ano, de 7,1%, contra 4,6% do planeta.
Todos os economistas mais conscientes do país sabem que este crescimento de 7,1% não é sustentável por falta de infraestrutura e que será menor em 2011.
O governo tem aplicado pouco mais de 1% do PIB em investimentos e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), apesar das disponibilidades financeiras, ficou muito aquém do planejado e previsto, amarrando o desenvolvimento nacional.
O próprio aquecimento do mercado preocupa, pois a inflação pode retornar, sendo o aumento de juros a única arma de que dispõe o governo federal, visto que o peso da máquina estatal cresceu assustadoramente na era Lula. Foram contratados, entre administração direta e indireta, mais de 350 mil servidores públicos, concursados ou não.
Só para se ter ideia do peso burocrático, pouco mais dos 900 mil servidores aposentados da União geram um deficit na Previdência de R$ 47 bilhões, enquanto 27 milhões de aposentados do setor privado geram apenas R$ 3 bilhões!
Por outro lado, no ano de 2010, nas transações correntes, o deficit será de quase US$ 50 bilhões, o que vale dizer: com a queda do saldo previsto da balança comercial, o saldo negativo do balanço de pagamentos será, talvez, o maior da história brasileira.
Acrescente-se que, nas exportações, voltamos aos mesmos índices de produtos de valor agregado da década de 80, ou seja, exportamos em torno de 45% de produtos industrializados contra mais de 50% na década de 90. E começamos a importar de tudo por conta do real supervalorizado.
Estou convencido de que o governo federal nunca desejou uma reforma tributária, pois, detendo 70% do bolo tributário, e quase 60%, após as transferências para Estados e municípios, não pretende correr o risco de perder tal participação na arrecadação global.
O certo é que o quadro para o futuro não é brilhante, havendo pontos de estrangulamento notórios, não passíveis de análise neste curto artigo, o que levará, qualquer que seja o futuro presidente, a ter que colocar a casa em ordem.
O mais curioso, todavia, é que, em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, a participação do Brasil no PIB global era de 2,92%, vale dizer, 0,2% a mais do que no último ano do governo Lula.
Isso significa que, apesar de o Brasil ter crescido, o mundo cresceu mais. De rigor, Fernando Henrique entregou o governo ao presidente Lula com uma participação no PIB global maior do que a que Lula entregará a seu sucessor.
É de se lembrar que, em 2000, a China tinha uma participação no PIB global de 7%, e a Índia, de 4%.
Os indianos pularão, em 2010, para 5% e a China para 13%, enquanto o Brasil regredirá para 2,9%.
Em outras palavras, nada obstante o aumento do PIB per capita, o Brasil cresceu apenas pelo “efeito maré” da economia mundial, que, apesar da monumental crise de 2008 e 2009 e da crise europeia de 2010, se comportou melhor que a economia brasileira.
Roberto Campos, ao prefaciar meu livro “Desenvolvimento Econômico e Segurança Nacional -Teoria do Limite Crítico”, disse que a melhor forma de “evitar-se a fatalidade é conhecer os fatos”. Infelizmente, o mundo da fantasia raramente se coaduna com a realidade do mundo.
Fonte: Jornal “Folha de S. Paulo” – 17/08/10
O problema é: como explicar isso pro “Povo”???
1) Ei! Acho que não sei casas decimais! 2,92 menos 2,9 dá 0.2?
2) Essa conta é com câmbio a PPP?
3) 0,02% não entra na margem de erro estatística?
4) Normalmente os países com renda per capita acima da média mundial têm taxas de crescimento inferiores às da média mundial. Não seria nosso caso?
5) Fico muito irritado quando reclamam do peso dos aposentados do setor público. O autor está defendendo mudar as regras, anular o gol depois do final do jogo, é isso? Prometer uma aposentadoria e depois não cumprir a promessa?
Incrível, como a economia brasileira está tão ruim para esse pessoal do Millenium…
Mas como explicar isso ao povo, se uma simples conta matemática 2,92 – 2,90 é = 0,2?
O articulista deve ter sido aluno ou professor do Serra, para quem a divisão de 170 por 37 é +- 48…uma piada….hahaha
Esse governo é uma tristeza, se aproveita das reformas do outro governo e da maré de sorte (china) para se glorifica como um “deus”, “o pai dos pobres”, e etc.
Mas vale lembra que de pai dos pobre esse governo não tem nada. Afinal o que foi feito para reformar os nossos altos impostos que penalizam mais os pobres? Nada. Para diminuir os altos juros da dívida pública que transfere dinheiro dos contribuintes para alguns poucos? Nada. O que foi feito para fornece saneamento básico a metade dos brasileiros que não tem? Nada. E assim vai indo o nosso governo, com todos contentes pelo bolsa familia dele. Que a história faça justiça.