Não há receita para o sucesso. Portanto, nada impede ninguém de chegar lá. Com essa mentalidade, três startups brasileiras alcançaram o tão sonhado patamar dos unicórnios — empresas avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão. É a história da Loft, que compra e vende imóveis usados; da Wildlife Studios, estúdio de jogos para celular; e da Loggi, empresa de entregas.
Seus fundadores e CEOs se apresentaram durante o Latin America Investment Conference 2020, evento promovido pelo banco Credit Suisse, em São Paulo, nesta terça-feira (28/01). Juntos, Mate Pencz, da Loft; Victor Lazarte, da Wildlife Studios; e Fabien Mendez, da Loggi, revelaram decisões tomadas em suas jornadas que os ajudaram a virar unicórnios.
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Ter foco
Para Mendez, a Loggi nasceu com um propósito claro — e ousado: “ser o correio do futuro para o varejo do futuro.” O empresário decidiu começar o projeto ambicioso pelas motocicletas. “Quando você é startup, é necessário ter foco.” Depois de estruturar o serviço, decidiu expandir, indo para caminhões, centros de distribuição e até aviões. Seu sonho, diz ele, é estar presente em todos os municípios do Brasil. “Criar essa malha foi difícil e está sendo difícil. Com a chegada de novos concorrentes, a gente tem certeza que para ganhar essa corrida é preciso pensar no cliente. Oferecer serviço e experiência perfeitos.”
Saber reconhecer uma oportunidade
Em 2010, os irmãos Victor e Arthur Lazarte decidiram abrir um estúdio de jogos para celular. Sem nenhum investimento inicial, estudaram o mercado de games e perceberam que as lojas de aplicativos começavam a decolar. Buscaram parcerias, mas nenhuma foi para frente. “Chegaram a nos oferecer US$ 75 mil por 50% da empresa”, diz Victor.
Outro passo importante foi desenvolver jogos gratuitos para ganhar escala e poder cobrar por publicidade dentro dos games. A “sorte”, diz Victor, foi aproveitar o “boom” dos jogos para celular e crescer junto com a onda. A empresa está prestes a alcançar a marca de 2 bilhões de downloads, divididos entre seus mais de 60 títulos já lançados.
Hoje, o empreendedor afirma que distribuição ainda é o principal desafio do setor. Justamente por isso, a empresa está olhando para a questão com carinho. Nos últimos meses, fez aquisições de jogos e de estúdios menores para distribuí-los. Victor vê no horizonte a possibilidade de a Wildlife ser uma distribuidora global de jogos para celular. A empresa já tem escritórios em Buenos Aires (Argentina), Dublin (Irlanda) e São Francisco (Estados Unidos), além de São Paulo.
Trabalhar duro e ter paciência
Para Mate Pencz, fundador do mais recente unicórnio brasileiro, “não há bala de prata”. “É um trabalho de anos [construir um unicórnio]”, diz. Assim como Mendez, o húngaro também pensa grande. Na sua visão, a Loft chegou para transformar o mercado imobiliário. Para isso, decidiu trazer tecnologia ao setor. “O que a gente faz não é propriamente inovação pura. É colocar tecnologia em um mercado existente e dar mais transparência a ele”, afirma.
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Ao contrário da Wildlife Studios, a Loft contou com investimento desde o início. Mesmo assim, Pencz faz questão de esclarecer que cada rodada (foram três, no total) foi pensada com muito cuidado. “O investimento tem de chegar no momento correto”, diz Pencz. “Quem pensa em fundar empresas com necessidade de capital precisa se preocupar com isso”.
Delegar
Mendez, da Loggi, conta que no começo da empresa estava presente em todos os processos. Lia cada contrato, fechava cada venda e contratava os novos colaboradores. Com o tempo, foi necessário se distanciar um pouco da operação para poder atuar de forma mais estratégica. O processo, entretanto, não foi simples. “Com o tempo, você precisa aprender a delegar. Foi difícil, mas hoje considero importante orientar executivos e pessoas mais inteligentes do que eu a tocar o negócio”.
Fonte: “Época Negócios”