Foi preciso que a situação causada pela PM na Bahia ultrapassasse as fronteiras da civilidade e que o número de assassinatos se multiplicasse no estado para o Brasil chegar à conclusão de que não dá mais para manter a legislação sobre greves como está.
Sobretudo se a paralisação for de funcionários públicos, que gozam de privilégios com os quais a maioria da população nem sequer sonha.
Os homens que cruzaram os braços e deixaram Salvador e outras cidades baianas em pânico nos últimos dias já não eram vistos como um modelo de eficiência. Tanto assim que a sensação de segurança contra pequenos delitos – que anos atrás estimulava o turismo e os negócios na região do Pelourinho, centro da capital – havia desaparecido.
Permitir que a situação chegasse a ponto de espantar os visitantes num lugar em que o dinheiro do turismo é fundamental para a economia pode ser visto como uma demonstração de incompetência (ou de má orientação) que faz qualquer dinheiro pago aos policiais parecer uma fortuna.
Mas esse é o tipo de dado que pouco importa. No Brasil, questões salariais do funcionalismo são tratadas sempre do ponto de vista da necessidade da pessoa, nunca do mérito do profissional.
Na hora de reivindicar direitos, eles comparam sua situação com a dos trabalhadores comuns, que, de fato, estão com os salários aquecidos pelos investimentos feitos na Bahia nos últimos anos.
Quem trabalha para a iniciativa privada (na Bahia ou em qualquer outro lugar) de fato ganha mais, mas pode ser demitido a qualquer momento e, ao se aposentar, dificilmente terá um vencimento igual ao da ativa.
Os policiais da Bahia, não. Eles podem espalhar o pânico entre a população o quanto bem entenderem que, no final das contas, não serão demitidos, não terão desconto dos dias parados e poderão, quando chegar a hora, se reformar com o soldo integral.
A greve da PM – de acordo com cálculos publicados nesta edição – causará à economia baiana prejuízos de, no mínimo, R$ 400 milhões. Por aí, dá para se ter uma ideia do dinheiro que deixará de ser injetado no estado durante o Carnaval, um dos momentos de pico da indústria do turismo local.
Em nome de reivindicações que nada têm de razoáveis, a polícia acabou criando uma situação que prejudicará muita gente – das baianas do acarajé no Rio Vermelho aos proprietários dos hotéis mais luxuosos; dos taxistas aos melhores restaurantes da Avenida Contorno, dos blocos carnavalescos mais modestos aos mega-artistas do axé.
Causar transtornos à população na esperança de que isso renda algum capital político tem sido uma estratégia comum das greves nos últimos meses. Sob esse ponto de vista, não existe grande diferença entre a chantagem dos policiais militares da Bahia e a dos aeroviários, que sempre ameaçam parar os aeroportos às vésperas do Natal.
Ou entre esses dois grupos e os professores que sempre fazem suas manifestações na Avenida Paulista, em São Paulo, na hora de maior movimento (prejudicando a quem trabalhou a semana inteira e volta cansado para casa no fim da tarde).
Toda sociedade civilizada tem direito a protestar contra maus patrões, contra o descumprimento de acordos e contra qualquer tipo de exploração. Mas o que se vê na Bahia, francamente, é um abuso.
Fonte: Brasil Econômico, 09/02/2012
É fácil criticar profissionais Q´NÃO TEM REPRESENTAÇÃO NO SENADO, NA CAMARA FEDERAL NA IMPRENSAA .EM LUGAR NENHUM TEM QUEM OS DEFEDAM.PROFISSIONAIS QUE DÃO A VIDA PARA DEFENDEREM A SUA E A DE SEUS FAMILIARES.