Tirar do papel a ideia de um negócio de impacto é um grande desafio. Hoje já existem muitas empresas que se propõem a resolver as principais “dores” da população. No entanto, para sobreviver no mundo do empreendedorismo social, é preciso investir em gestão. Só assim, a empresa consegue unir responsabilidade social com lucratividade.
Apesar de algumas pessoas acharem que o empreendedor é um “viajante solitário”, você não precisa remar nesse barco totalmente sozinho. Em entrevista a “Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios”, a diretora do Quintessa, Anna de Souza Aranha, dá algumas dicas de como empreender em um negócio de impacto. Confira!
Qual problema você quer resolver?
Antes de se aventurar no negócio, é preciso entender com profundidade o desafio socioambiental que o empreendedor está disposto a resolver. Para isso, é necessário entender o assunto, tanto fazendo pesquisas como também interagindo com o beneficiário do serviço.
“Um empreendedor que quer olhar para a questão de exames laboratoriais, ele precisa ir lá ouvir as pessoas entender o porquê as soluções que já existem não as atende. [É importante] mergulhar no problema antes de pensar na solução”, diz Anna.
A especialsta explica que o Quintessa, ao assessorar um negócio, sempre faz duas perguntas. ”Quanto que o desafio que se pretende superar é relevante e o quanto a solução proposta é relevante para superar esse desafio.
Missão alinhada com o objetivo
O empreendedor precisa explicitar de forma clara na missão da empresa qual é o desafio socioambiental que ele quer resolver.
Essa clareza é necessária para direcionar as decisões e acompanhar o negócio. “Por exemplo, se a 4YOU2 não tivesse clara a questão de dar acesso de qualidade de ensino da língua para pessoas de baixa renda, ela poderia ter colocado uma mensalidade muito alta e deixaria de atingir a classe C e D”, diz.
A solução é relevante
O negócio deve suprir as necessidades do cliente. “Não pode ser algo supérfluo, tem que ser uma solução relevante”. Para Anna, também importante avaliar se o cliente está disposto a pagar por esse produto ou serviço.
Estude o mercado
Saber em que mercado está pisando também é fundamental. Mapear tanto os concorrentes como também o substituto à sua solução. “Entender quais são os outros atores que hoje de alguma forma suprem essa necessidade do cliente por mais que a solução hoje proposta seja completamente diferente”, afirma Anna.
Além disso, o empreendedor precisa estar atento se seu serviço tem espaço no mercado. “A solução dele é relevante, mas só têm cinco pessoas que sentem essa necessidade, enquanto empresa, ele não vai conseguir crescer muito, porque o tamanho é muito restrito.
Defina seu modelo de negócio
Os negócios de impacto possuem duas figuras importantes: o cliente e o beneficiário. Na 4YOU2, o aluno de baixa renda que estuda inglês é tanto o cliente que paga a mensalidade como o beneficiário.
Na Hand Talk, aplicativo que traduz automaticamente texto e áudio para Língua de Sinais, o modelo é diferente. As empresas são clientes que pagam para tornar seus sites mais acessíveis e os beneficiários são os surdos.
Há modelos de negócios que as empresas buscam patrocínio com grandes companhias para desenvolver um negócio de impacto. “Isso acaba sendo um modelo frágil, porque você não está resolvendo a dor do cliente que está pagando a conta, você está sendo um bolso de responsabilidade social”, diz Anna. Ela afirma que o Quintessa sempre tenta ir para um direção que não dependa de alguém para apoiar a causa do negócio.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”