As novidades relacionadas à chegada da tecnologia 5G têm gerado grandes expectativas no mundo todo. Isso porque a quinta geração de internet móvel, além de prometer mais velocidade, possibilita a interconexão entre equipamentos e dispositivos, otimizando até tarefas domésticas.
Na última semana, o assunto veio à tona entre os brasileiros ainda com mais força por conta do Leilão do 5G, realizado pelo Ministério das Comunicações (MCom) juntamente com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A realização do evento marcou a chegada da tecnologia 5G no Brasil e fomentou investimentos no setor.
Fazendo uma pequena retrospectiva da evolução da comunicação, é possível dizer que embora a tecnologia, principalmente a digital, tenha intermediado mudanças emblemáticas, de acordo com o cientista social, Paulo Moura, o 5G é uma revolução dentro da revolução tecnológica. Ouça o podcast!
“Haverá um impacto econômico que diz respeito às empresas de alta tecnologia, ou empresas que utilizam alto volume de tráfego de dados nas suas redes. Será um aumento de 100 vezes na velocidade no volume de dados trafegados dentro da rede. Para o usuário comum, talvez seja uma coisa difícil de compreender, mas para empresas que competem na ponta do capitalismo, transitando por dentro da rede volumes impressionantes de dados, isto significa uma possibilidade de aumentar significativamente a sua competitividade”, explicou.
O Brasil será o primeiro país da América Latina a adotar o 5G, e a ideia é que a viabilização do conceito de internet das coisas aconteça de forma mais concreta, uma vez que esta tecnologia tem como proposta a conexão de aparelhos pela internet.
Como exemplo, Paulo Moura cita a questão da geladeira, que por meio de chips de telefonia ou conexão no Wi-Fi, poderá indicar os alimentos ou produtos que precisam ser adquiridos, além de automatizar este processo de compras.
“Os produtos de consumo também virão chipados ou com algum sistema de rastreamento que permitirá a geladeira ‘saber’ quando nós acabamos o consumo de certos produtos. Essa informação poderá se conectar com o supermercado e, em seguida, com sua cadeia de suprimento, com um sistema de logística e com o sistema do fabricante daquele produto”, exemplificou.
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Dessa forma, haverá uma aceleração de toda a cadeia de suprimentos em tempo real, com inovação nos sistemas de controle de estoque de fornecimento e de vendas online numa proporção exponencial.
As revoluções esperadas vão muito além das compras. De acordo com Paulo Moura, um outro exemplo pode ser visto na área de diagnóstico. “No nosso vaso sanitário em casa, o exame de urina poderá ser chipado e ligado às redes de telefonia, ligado ao laboratório de análises clínicas e ligado ao consultório do nosso médico. Há uma enorme possibilidade de revoluções cotidianas que vão impactar as nossas vidas numa escala que hoje são inimagináveis”, analisou.
Leilão do 5G
Segundo Paulo Moura, o Leilão do 5G apresentou um formato diferente dos de banda larga ou de telefonia, já conhecidos pelos brasileiros. “Houve os leilões das bandas de frequência capazes de atender os grandes mercados nacionais, que foram abocanhados pelas operadoras já existentes, que são a Vivo, a Claro e a Tim, mas havia leilões de outras bandas de frequência que vão prover a telefonia 5G em regiões do Brasil”.
Outro ponto interessante são alguns dos segmentos que serão atendidos, como a rede educacional brasileira, que será toda dotada de banda larga de alta velocidade; as rodovias brasileiras serão providas com rede de fibra óptica e telefonia 5G; o agronegócio; a indústria, o comércio, os bancos, entre outros.
“Nós vamos assistir, devido ao formato do leilão, a entrada de novas operadoras de telefonia celular nesses segmentos específicos. Então além das grandes operadoras que já estavam no Brasil, haverá uma concorrência regionalizada e setorizada”, acrescentou.
Infraestrutura nas cidades
Embora a tecnologia esteja avançando no Brasil, o país ainda é muito carente quando o assunto é internet. O cientista social destaca que existem obstáculos do ponto de vista da legislação das antenas, já que a tecnologia, devido a banda de frequência, requer uma quantidade muito maior de antenas.
Até agora, as capitais brasileiras que têm a legislação atualizada, permitindo a instalação dessa nova quantidade de antenas, são de menor relevância do ponto de vista econômico e também em relação ao tamanho da população.
“As grandes capitais brasileiras vão ter que correr atrás. Suas Câmaras de vereadores, seus prefeitos, vão ter que se adaptar rapidamente a modificar a legislação. O 5G adotado nas cidades permitirá, entre outras coisas, o controle de tráfego, volume de engarrafamentos, gestão de sistemas de sinalização e de rastreamento. É uma revolução também no sistema de gestão de cidades, mas para isso as prefeituras vão ter que correr”, alertou.
Paulo Moura comenta que “não é impossível já adotar o sistema 5G com a legislação existente, mas a legislação terá que ser adaptada para autorizar a instalação da quantidade de antenas que permitirão o uso total da tecnologia nova e revolucionária que é o 5G”.
Apenas cinco capitais brasileiras estão preparadas para permitir o uso dessa tecnologia em sua máxima potência. Por isso, é muito importante cobrar que os governantes atualizem a legislação de suas cidades, pois dessa forma, será possível cooperar com o desenvolvimento econômico e competitivo do país como um todo.