Ver o negócio ao qual você se dedicou tanto chegar ao fim não é fácil para ninguém. No entanto, apesar de dolorida, a falência é com certeza um momento de grande aprendizado para o empreendedor.
Por isso, consultamos empreendedores de diversos setores para entender quais foram as principais lições que eles tiraram desse processo tão difícil.
Veja as respostas a seguir:
Comece pequeno
O empreendedor Henrique Mol é dono da rede de franquias Fórmula Pizzaria. Porém, antes Mol foi dono da Destaque Comercial, uma agência de publicidade que não deu certo e precisou fechar as portas. Para o empreendedor, a principal lição que o fracasso trouxe foi a de que um negócio precisa amadurecer.
“Uma das lições é entender que o negócio precisa ter uma maturidade. Nesse negócio de publicidade eu tentei colocar tudo do melhor. Com isso, tive um investimento alto e um custo de operação alto também, e isso dificultou a manutenção da operação. Aprendi que o negócio precisa ser pequeno um dia para depois ser grande no dia seguinte. Para ser grande ele precisa percorrer um caminho. Principalmente quando você não tem estrutura financeira ou experiência, é importante começar pequeno”, afirma.
Tenha foco
O foco é uma característica importantíssima para quem quer empreender. E a falta dele pode levar um negócio a fechar as portas. Foi o que aconteceu com o empreendedor Celso Edgar Caparica, CEO da Qi Network, uma empresa focada em computação em nuvem.
Caparica antes tinha duas empresas, a Qi e a App Mobile, focada em aplicativos para pequenas empresas. Porém, chegou o momento em que ele percebeu que precisaria fazer uma escolha. “Muitas boas possibilidades vão surgir no caminho, principalmente quando o negócio está indo bem, e você não poderá abraçar tudo ao mesmo tempo. O aprendizado maior é: foco nos objetivos que se deseja alcançar”, afirma o empreendedor.
E completa: “Tomar a decisão de encerrar a App Mobile foi difícil, mas visualizamos que estava tirando nosso foco do negócio principal que, naquele momento, exigia todo nosso esforço. Talvez se a gente não tivesse tomado essa decisão, hoje as duas empresas teriam ficado no meio do caminho.”
O caso é parecido com o do empreendedor Isaac Azar, dono dos restaurantes Paris 6. Antes, Azar era proprietário também do restaurante Azaït, que chegou a fazer sucesso no meio gastronômico.
“Em 2007, tanto Azaït quanto Paris 6 operavam deficitariamente. Concentrar as energias em uma única marca foi a estratégia que definiu o fechamento do Azaït e resultou no posterior crescimento da própria marca Paris 6”, conta.
Consulte o mercado
Iniciar um negócio sem saber como o mercado está se comportando é um erro muito comum entre empreendedores. E foi o que aconteceu com João Selarim, hoje CEO da TotalVoice, que desenvolve API de telefonia.
Tive uma empresa em 2011, a IT 4 Life, e acabamos falindo. Tivemos uma ideia e saímos desenvolvendo. Em momento algum teve alguma interação com o mercado. Gastamos uns cinco meses desenvolvendo um software de finanças pessoais sem tentar entender se o que estávamos fazendo fazia sentido. Por consequência, acabamos criando uma ferramenta instalada no Windows, enquanto nossos concorrentes iam pra web e smartphone, e encontramos muita dificuldade em emplacar vendas”, conta.
Teste seu produto
Deixar de testar o produto antes de investir uma boa quantidade de dinheiro nele é outro erro comum entre empreendedores. Foi o que aconteceu com Marco Giroto, fundador da SuperGeeks, uma escola de programação para crianças e adolescentes.
Antes, ele fundou a eBookPlus, uma plataforma que ofereceria livros eletrônicos de graça para o leitor, usando a publicidade para pagar a conta. “A empresa foi aberta no Vale do Silício, com foco no mercado de língua inglesa. Investimos 300 mil reais no desenvolvimento e no lançamento da plataforma, mas a empresa não foi bem sucedida pois esquecemos de testar e validar a ideia do negócio antes de investir todo este dinheiro”, conta.
“Conseguimos diversas empresas que queriam anunciar em nossos livros. Porém, esbarramos em um mercado avesso a inovações que é o mercado editorial. As editoras são muito tradicionais e não gostam de mudanças. O que deveríamos ter feito é criado um MVP, com diversos autores independentes e alguns anunciantes, mostrando ao mundo, e as editoras que o modelo funcionava e poderia ser rentável, e ai sim, investiríamos em uma plataforma para automatizar todo este processo. Se tivéssemos testado e validado isso antes, teríamos investido no máximo 10% do que foi investido”, completa.
Fonte: “Exame”
No Comment! Be the first one.