No mínimo a CNBB foi infeliz ao estabelecer de forma um tanto quanto maniqueista, um antagonismo entre humanismo e capitalismo, entre Deus e dinheiro, entre lucro e fé, sob o manto da recem lançada Campanha da fraternidade 2010.
Ora, sem fazer uso de proselitismo barato e falacioso, pragmaticamente sabemos que não existe o social sem que antes seja precedido do econômico. Afinal, é o lucro que a empresa alcança hoje, que gera o investimento de amanhã e o emprego de depois de amanhã! Infelizmente, no entanto, o lucro tem sido satanizado, enquanto que, ao contrário, deveria ser sacralizado, pois sem lucro não há investimentos, empregos. renda e inclusive impostos. Vejam que absurdo é o governo instituir uma contribuição com o nome de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido -CSLL. O Lucro já é por si só uma grande contribuição social. O lucro é o cerne do sistema capitalista. Sem ele, não há nada. Basta exercer o mínimo de racionalidade para que se constate que os mercados são inexoravelmente o meio através do qual o homem pode se desenvolver na sua plenitude econômica, social, ambiental e humana. A economia de mercado é sem dúvida a maior máquina de inclusão sócio-econômica já descoberta. Chega ser patético dizer que um país que gasta cerca de 40% do PIB no setor público tem algo de liberal ou neo liberal, termo preferido dos “sociais-alguma coisa”, também conhecidos como a esquerda burra, o que parece um pleonasmo. Sabemos que independentemente do sistema de governo, dos matizes político ideológicos, os homens são falhos e por isso, a política também é falha. O problema é que no Brasil , desde o início do processo de redemocratização, passando por diversos governos, as mudanças no sentido de políticas acertadas, sempre foram lentas: demoramos 20 anos para controlar a inflação, 20 anos para adotar um regime de câmbio flutuante. E as reformas tão sobejamente aguardadas, quanto tempo ainda será necessário para discuti-las, aprová-las e implementá-las? Não podemos esperar mais 20 anos. O mundo globalizado, altamente competitivo não vai esperar pelo Brasil. Temos um país a ser construído, um país para ser educado, educação que é a chave mestra para o desenvolvimento. E as nossas carências na área da saúde, habitação e infra-estrutura? O problema é que a social-democracia tem se mostrado muito lenta para construir os avanços necessários. Infelizmente, a política nacional não tem sequer um “genesinho” liberal.
A história econômica da humanidade já deu provas cabais de que a riqueza de uma nação é construída através do capital educacional dos seus residentes, da boa governança corporativa das suas empresas, do valor ético-institucional da sua classe política e do cumprimento das funções precípuas (educação, saúde, segurança e justiça) de um Estado descentralizador que produza através de planejamento estratégico, ações governamentais eficientes e eficazes no sentido da promoção da igualdade de oportunidades, através da redução das desigualdades educacionais, único caminho de reduzir as desigualdades de renda. Somente através de um povo melhor educado , mais qualificado e capacitado a encontrar um lugar ao sol no mercado de trabalho ou do empreendedorismo, alcançaremos a prosperidade econômica e o desenvolvimento humano. Educação. Eis aí, portanto, um tema bem mais oportuno para a CNBB focar sua campanha da fraternidade.
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