A revista “Economist” diz que a economia brasileira está uma bagunça, com problemas maiores do que o governo admite e os investidores imaginam. O escândalo da Petrobras afeta a imagem do Brasil. Começa a faltar água em São Paulo, e o racionamento de energia no país é possível. No Congresso, o governo perde disputas importantes. Nas estradas, caminhoneiros cassam o direito de ir e vir. No Rio, juiz é flagrado passeando com carro de luxo que mandou apreender de investigado.
Diante de tudo isso, o que fazer?
A primeira coisa é lembrar que o Brasil é uma democracia estável, capaz de crescer a taxas elevadas e sustentáveis, como na década passada. Para tanto, é preciso restaurar o equilíbrio macroeconômico conquistado naquela época, o que começa pelo ajuste efetivo das contas públicas, fundamental para reduzir as incertezas sobre a solvência futura do Tesouro, e com uma ação suficientemente forte do Banco Central para trazer para a meta, ainda neste ano, as expectativas de inflação para 2016.
São medidas duras que podem contribuir para conturbar mais o ambiente, pois geram contração da atividade numa economia já em processo recessivo e com desemprego em alta. É o preço do desarranjo construído nos últimos anos.
[su_quote]A primeira coisa é lembrar que o Brasil é uma democracia estável[/su_quote]
Por isso, é importante que o ajuste seja firme e produza resultados concretos o mais rápido possível, trazendo de volta a confiança e os investimentos.
E devemos olhar à frente para criar as condições de crescimento mais elevado, com visão clara de onde chegaremos – uma visão capaz de gerar a energia para superar a conturbação natural deste momento de ajuste duro.
Condição básica para sustentar o desenvolvimento é a existência de instituições fortes, como um Banco Central independente, para garantir a administração correta de setores-chave da economia e a continuidade de políticas fundamentais.
É necessário criar uma estrutura de funcionamento econômico que, ao invés de prejudicar os negócios, aumente sua eficiência. Isso passa por carga tributária menor e mais racional, melhora substantiva da qualidade da educação, viabilização dos investimentos privados na infraestrutura e, finalmente, abertura dos mercados para reduzir os custos de importação e o custo Brasil, permitindo que as empresas possam adquirir tecnologia de ponta e componentes baratos de qualidade para se especializarem nos setores mais competitivos do país. A Embraer mostra como essa abertura pode funcionar muito bem.
Portanto, é uma necessidade premente não só olhar para todos os problemas que estão aí, mas começar a dirigir toda essa energia e toda essa irritação nacional para a construção de um país mais eficiente, produtivo e capaz de oferecer um alto padrão de vida à população.
Fonte: Folha de S. Paulo, 1/03/2015
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