Raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez” (David Hume)
Com o avanço do governo Obama sobre as liberdades dos americanos, a venda do livro “O caminho da servidão”, de Hayek, disparou nos Estados Unidos. Os americanos entendem que a perda da liberdade costuma ser gradual: a água vai esquentando e o sapo acaba escaldado sem notar. É justamente disto que Hayek fala no livro. Nós, brasileiros, temos muito a lucrar com este alerta. Principalmente agora, que a candidata do governo tem defendido abertamente um Estado mais interventor ainda.
Para Hayek, não é possível existir liberdade pessoal e política quando a liberdade econômica é progressivamente abandonada. A transição do feudalismo, com sua rígida hierarquia, para o modelo com mais liberdade individual do Ocidente está bastante associada ao crescimento do livre mercado. Os trabalhadores dos países capitalistas passaram a desfrutar de uma liberdade de escolha que poucos séculos antes seria impensável, mesmo para nobres.
Sem a liberdade econômica, as demais liberdades também acabam.
Quanto mais o governo planeja a economia, menos liberdade sobra para os planos dos indivíduos. Os defensores do planejamento central demandam o controle de toda a atividade econômica de acordo com um único plano, considerando que os recursos da sociedade devem ser direcionados para o serviço de determinados fins, por eles traçados. Isto vai contra o argumento liberal em favor do melhor uso possível das forças de competição como meio de coordenação dos esforços humanos.
O único meio possível para praticar este planejamento central é através de um governo autoritário. A vontade arbitrária dos governantes não irá respeitar as diferentes preferências individuais. As minorias dissidentes serão forçadas a seguir o ideal coletivista. Acaba-se sob uma tirania da “maioria” que, na prática, representa a ditadura dos governantes que falam em nome do povo, mas agem para seus próprios benefícios. Um “socialismo democrático” não passa de uma ilusão. A Venezuela é mais um triste exemplo disto.
Quando o governo tem poder para decidir sobre tudo na economia, o império da lei é substituído pelo poder discricionário do governante.
Todos acabam reféns do governo.
Controlando o crédito, por exemplo, o governo controla indiretamente as empresas. Não foi por acaso que Marx colocou entre as metas do seu Manifesto Comunista a “centralização do crédito nas mãos do Estado”. Vale lembrar que, sob o governo Lula, o crédito público aumentou assustadoramente, por meio dos bancos estatais. O governo brasileiro já controla quase a metade de todo o crédito no país.
Mas o PT acha pouco. Em seu programa de governo para os próximos anos, o partido defende o fortalecimento do Estado, que no Brasil já é um monstrengo obeso e ineficiente.
Quase a metade de tudo que é produzido pela iniciativa privada vai parar nos cofres públicos como impostos.
Em troca, o povo recebe estradas assassinas, hospitais decadentes, ensino de péssima qualidade, elevada criminalidade, além de muita tutela e um espetáculo de corrupção. Será que a solução é aumentar ainda mais o papel do governo? Qual o limite? Venezuela? Cuba? A “Alcatraz” caribenha, aliás, ilustra o ponto de chegada deste caminho da servidão. Um povo miserável, mantido prisioneiro no próprio país, enquanto o ditador e seus aliados podem usufruir das benesses capitalistas, como carros alemães e uniformes da Nike, ícone do “imperialismo ianque”. É este o modelo que o povo brasileiro deseja?
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