Representantes de empresas da mídia brasileira se reuniram para garantir o “pão e circo” ao povo
“A liberdade de expressão está sendo constantemente ameaçada no Brasil e, especialmente, em alguns países vizinhos da América Latina. Infelizmente, muitas pessoas desconhecem o fato de que sem liberdade de expressão e de imprensa não existe uma democracia plena e madura”. É com esse texto que o site do Instituto Millenium apresenta o “1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”, organizado em um luxuoso hotel de São Paulo em 1º de março.
O evento, que reuniu empresários e comunicadores da imprensa brasileira e de outros países da América Latina, acontece três meses após Brasília sediar a 1º Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em que a oportunidade de discutir a tal “liberdade de expressão” com a sociedade civil e o governo foi abandonada por grande parte dos representantes do setor empresarial, que alegaram não estar de acordo em debater o atual marco regulatório da mídia no Brasil. No encontro do Instituto Millenium, a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ), duas das oito que se desligaram da Confecom, estavam como apoio institucional.
Entre os palestrantes, nomes como o comentarista Arnaldo Jabor, o presidente do Grupo Abril Roberto Civita, o ministro das Comunicações Hélio Costa e o presidente da RCTV (canal da Venezuela) Marcel Granier discutiram como deter ameaças à democracia no Brasil e na América Latina. Mas em nenhum momento, foi citado o fato de poucas famílias no Brasil deterem a concentração de muitos veículos de comunicação.
Em artigo publicado na Carta Maior, a jornalista e integrante do Coletivo Intervozes Bia Barbosa conta que participantes do encontro afirmaram que “o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia”. “O PT é um partido contra a liberdade de expressão. Não há dúvidas em relação a isso. Mas no Brasil vivemos um debate democrático e o PT, por intermédio do cerceamento da liberdade de imprensa, propõe subverter a democracia pelos processos democráticos”, disse o filósofo Denis Rosenfield, um dos palestrantes convidados.
Só que o problema maior disso tudo é que para participar do “fórum de democracia” cada participante deveria desembolsar 500 reais, realidade meio distante para muitos brasileiros. Uma verdadeira comédia.
Literalmente
A graça é tanta que um grupo representando diversos movimento sociais que lutam pela democracia na comunicação fizeram uma manifestação irreverente na frente do hotel. Vestidos de palhaços, os participantes do “Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão – contra a criminalização dos movimentos sociais” montaram um verdadeiro circo para expressar o quanto toda essa brincadeira era engraçada. Esse foi de graça e todos que passavam em frente ao local podiam participar.
Jovens da Viração marcaram presença no ato de contraponto ao fórum dos empresários e pediram “respeito da mídia” ao noticiarem informações das comunidades mais empobrecidas do Brasil. “Só somos lembrados em programas e páginas sensacionalistas dos jornais”, diziam os adolescentes, moradores de diferentes regiões da cidade.
O Fórum de Rua contou com a participação da Viração, da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), o Coletivo Intervozes, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Marcha Mundial de Mulheres, o Portal Vermelho, a Articulação Mulher e Mídia, a União da Juventude Socialista (UJS), o Conselho Regional de Psicologia, o sindicato dos Radialistas, entre outros.
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