No dia 1 de março realizou-se em São Paulo, num hotel cinco estrelas, o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, convocado pelo Instituto Millenium. A módicos 500 reais por cabeça, a população brasileira poderia ter participado do encontro de tycoons da mídia nativa (Civitas, Marinhos, Frias e outros) com neocons (que aqui, como nos EUA, são ex-esquerdistas que passaram com armas e bagagens para o conservadorismo mais delirante).
O encontro é uma resposta pela direita à I Conferência Nacional de Comunicação, de dezembro passado, quando mais de mil delegados do país inteiro depois de realizadas as etapas estaduais, que envolveram milhares de pessoas debateram as concessões dos canais de rádio e TV, universalização do acesso às telecomunicações, internet, políticas públicas de democratização das comunicações, regionalização de conteúdos, convergência das mídias, um novo marco regulatório para o setor e o controle social de políticas públicas para o setor. Os segmentos ligados aos oligopólios da comunicação brasileira, como a ANJ, a Abert, a Aner e outros recusaram-se a participar do debate democrático.
E agora, são estes mesmos setores que patrocinam o Instituto Millenium, que parece uma versão renovada do velho IBAD e de seu braço intelectual, o IPES. Conforme se pode ler no clássico de Rene Dreifuss, 1964, a conquista do Estado, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática e o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais financiaram, produziram e difundiram uma grande quantidade de programas de radiofônicos, de televisão e matérias nos jornais com conteúdo anticomunista. As duas entidades contribuíram decisivamente na oposição ao governo de João Goulart, fator crucial para o êxito do Golpe Militar de 64.
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