Agência de classificação de risco Moody’s diz que dívida cresce mais no Brasil e prevê queda de 2% no PIB neste ano e estabilidade em 2016
A posição fiscal do Brasil tem se enfraquecido não somente em termos absolutos, mas também em relação aos seus pares, avalia a agência de classificação de risco Moody’s, em relatório anual publicado nesta quarta-feira.
Ao comparar o Brasil com outros cinco países em situação semelhante, a Moody’s conclui que a dívida brasileira “tem sido constantemente maior em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)”. “Esta é uma tendência que esperamos que continuará nos próximos anos”, diz a agência.
Os demais países são Índia, Indonésia, Filipinas, África do Sul e Turquia. “A comparação do Brasil com a Índia é particularmente reveladora, porque suas dívidas têm caminhado em direções opostas. A relação da dívida do Brasil sobre o PIB deverá superar a da Índia em 2016”, prevê.
Até 2013, a dívida brasileira se aproximava do patamar de 55% em relação ao PIB. Agora, segundo projeção da Moody’s, caminha para chegar a 70% em 2018. A da Índia era de um pouco mais de 65% em 2010 e, no ano que vem, deverá chegar a algo próximo de 60%.
Em seu relatório, a Moody’s debate os motivos para o corte da nota do País para ‘Baa3”, há duas semanas. Essa nota é a última dentro do grau de investimento, considerado um selo de bom pagador. A Moody’s também mudou a perspectiva da nota de negativa para estável.
Equipe econômica– A credibilidade da política econômica avançou com uma nova postura na área fiscal, defendida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e com o firme combate do Banco Central contra a inflação, destaca o relatório anual da Moody’s sobre o Brasil.
“A credibilidade da política melhorou com a indicação de uma nova equipe econômica cujo modus operandi levou a uma ruptura com o passado, particularmente em relação à frequente adoção anterior de ajustes ad-hoc nos cálculos do superávit primário, a fim de assegurar o cumprimento das regras fiscais.”
De acordo com a Moody’s, a política monetária tem conseguido dar tração ao processo de reduzir a inflação, com o Banco Central também “restaurando a credibilidade”. Segundo a agência, o BC adotou um movimento de alta de juros desde meados de 2013, mas este ciclo está terminando. “Com a última elevação dos juros em julho de 2015, a Selic atingiu 14,25% em termos nominais e de 5%-6% em termos reais”, destaca o relatório. “O BCB provavelmente manterá a taxa de juros estável até o começo de 2016, pois espera que as expectativas de inflação convirjam para a meta de 4,5%.”
PIB recua 2%– Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o vice-presidente da Moody’s, Mauro Leos, afirmou que o cenário da agência “para o PIB e para a área fiscal para 2015 e 2016 é consistente com o atual rating e perspectiva estável do Brasil”. A agência estima que a economia do País registrará retração de 2% neste ano e ficará estagnada no próximo. Segundo ele, o superávit primário será nulo em 2015, mas subirá e atingirá 1% do PIB no próximo ano.
“Caso o PIB fique perto de 0% em 2016, sem recessão significativa, a perspectiva do Brasil pode ficar estável”, comentou Leos. “Mesmo com superávit primário e PIB a 0% em 2016, isso pode levar a perspectiva a ficar estável. O importante é olhar o cenário da economia para além de 2016, com PIB e resultado fiscal positivos em 2017 e 2018.” Na sua estimativa, a economia voltará a crescer em 2017, quando subirá 1,5%, e avançará 2,5% no último ano do mandato da presidente Dilma.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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