Países com longa lista de problemas precisam focar numa pequena lista de fatores mais relevantes que prejudicam o seu crescimento e atacá-los com força e foco. Essa é a conclusão de um estudo abrangente realizado por bancos centrais do G20, que já comentei neste espaço e que ficou ainda mais relevante neste momento brasileiro.
Nas décadas de 1980 e 1990, com sucessão de planos econômicos fracassados e estagnação, o problema central do país era a hiperinflação.
A estabilização da inflação, em meados da década de 1990, seguida pela implantação da Lei de Responsabilidade Fiscal e do sistema de metas de inflação com câmbio flutuante, em 1999, criou as bases para a estabilização da economia brasileira.
A melhora dos fundamentos econômicos com a consolidação da estabilidade na década passada trouxe previsibilidade à nossa economia.
Isso gerou confiança entre investidores, empresários e consumidores. Os investimentos aumentaram fortemente, o crédito se expandiu, o emprego e a renda avançaram e o país cresceu de forma consistente.
[su_quote]A crise é grave, mas neste momento é importante também combater o derrotismo e a resignação[/su_quote]
Esse bônus da estabilização foi conquistado com controle rigoroso da inflação, redução e readequação da dívida pública e acumulação de reservas internacionais em níveis inéditos no país, inimagináveis poucos anos antes.
A crise é grave, mas neste momento é importante também combater o derrotismo e a resignação. Em primeiro lugar, ressaltando a força da economia brasileira construída na década passada.
O mercado de consumo brasileiro é hoje um dos maiores do mundo. Os US$ 370 bilhões em reservas internacionais são garantia importante para atravessarmos este momento e sem elas o impacto do rebaixamento da avaliação de risco do país pelas agências internacionais teria sido gravíssimo. Já a consciência econômica da população está aumentando. A inflação baixa foi incorporada como valor pela sociedade. E cresce a compreensão da necessidade de equilíbrio das contas públicas.
Não devemos subestimar a crise e seus efeitos sociais. Mas devemos usar a energia mobilizada por ela para trabalhar na solução dos problemas e na retomada do crescimento.
Para isso, é preciso focar nas questões mais importantes que impedem o desenvolvimento econômico do Brasil conforme a conclusão do citado estudo do G20, conjugando o ajuste fiscal de curto prazo com modernização da infraestrutura, simplificação das regras tributárias, diminuição da burocracia, aumento do comércio exterior, investimentos na qualidade da educação.
São medidas que tornarão a economia mais produtiva e mais capaz de competir num mundo desafiador.
Fonte: Folha de S. Paulo, 15/11/2015
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