Imaginem que o governo brasileiro resolvesse passar uma lei proibindo a produção e venda de carros de padrão abaixo do Ford Fusion ou do Nissan Sentra, porque os senhores governantes achassem que quaisquer carros abaixo deste padrão são inseguros e inadequados, e a tarefa do governo é proteger-nos contra estes perigos.
Pois é, nunca passou pela sua cabeça? Nem pela minha, Mas você não imagina o que passa pela cabeça dos governantes. E o que é pior, o que passa pela cabeça deles corre o risco de virar lei.
Mas, não satisfeitos com esta proteção automobilística que iriam oferecer aos incautos e mal-informados cidadãos que juntaram seus caraminguás ou resolveram recorrer ao crédito para comprar seus carros pequenos, os “çábios” governantes não parariam aí.
No Rio de Janeiro, mais particularmente na Barra da Tijuca, governantes resolveram que pessoas maiores de idade interessadas em sexo com prostitutas passarão a ser fotografadas por agentes governamentais, porque como pode o governo-babá do Rio de Janeiro admitir que cidadãos ou cidadãs maiores de idade, em pleno gozo de suas faculdades mentais. possam estar interessados em consumir serviços de prostituição (que aliás são perfeitamente legais no Brasil), pelos quais estão dispostos a pagar?
Pois bem, você que mora em outras cidades, sinta-se feliz que ainda não tem estas restrições, mas, se depender do estado-babá, que está aí dizendo que quer nos proteger de todos esses perigos da vida moderna, o que vem por aí é sério. E não é só no Brasil.
Em Los Angeles, A Câmara Municipal (City Council) tomou uma decisão inédita e fascinante do ponto de vista libertário. Decretou uma moratória na abertura de restaurantes de fast food numa área de 82,5 km2.
Durante dois anos, não podem ser abertos novos restaurantes que se proponham a servir tipos de comida conhecidos como fast food (hambúrgueres e congêneres).
Os vereadores de Los Angeles justificam-se dizendo que estão preocupados com a saúde dos habitantes da área. Em a lei pegando, eles vão ter que viajar alguns quilômetros, com gasolina cara e usando aqueles carros americanos beberrões, tudo isso para poderem saborear seus hambúrgeres.
O mais fascinante da decisão é que esses bairros são habitados por cerca de meio milhão de pessoas pobres. Trocado em miúdos: os ricos podem se empanturrar de fast food. Os pobres, não.
O estado-babá resolveu que os pobres tem que comer bem, ainda que para isso sejam obrigados a gastar o dinheiro que não têm, ou, se quiserem comer como bem entenderem, contrariamente ao que os senhores legisladores desejam, serão obrigados a dirigir muitas milhas. E a gastar muito dinheiro.
Podia ser uma maneira de segregar os pobres, mas um dos efeitos inesperados de políticas públicas feitas sem pensar é que os bairros dos ricos vão acabar sendo inundados de pobres em busca de fast food, que os ricos podem comer perto de casa. Por os pobres não podem comer fast food perto de suas casas?
Você tem uma secadora de roupas? Meus pêsames. Segundo os políticamente corretos, esta é uma das maiores fontes de poluição atmosférica (depois dos automóveis), nos Estados Unidos.
A um cidadão brasileiro comum ocorre a pergunta óbvia: mas porque não estendem a roupa na corda ou no varal? Por uma razão muito simples, caro leitor: porque varais ou cordas de secar roupas ao ar livre são ilegais em mais de 60% do território americano, porque poluem visualmente o ambiente.
Com a palavra sobre o tema o juiz da Corte Suprema dos Estados Unidos, William Brennan (1906-1997): “The characteristic complaint of our time seems not to be that the government provides no reasons, but that its reasons often seem remote from human beings who must live with the consequences.” [A queixa [mais] característica de nosso tempo não parece ser que o governo não nos dá razões [para o que ele faz], mas que, frequentemente, suas razões parecem ser distantes dos seres humanos que são obrigados a viver com as consequências.]
(Publicado em “OrdemLivre.org”)
É meio raro. Mas de vez em quando alguém fala uma coisa certa.