Uma das maiores preocupações no Brasil hoje é o aumento do desemprego, que afeta não só os que perderam o trabalho e suas famílias, mas a economia como um todo. Essa crescente insegurança reduz as intenções de consumir, tomar empréstimos e investir, gerando mais desemprego. Numa agenda pós-crise política, portanto, a questão do emprego deve ser prioritária.
Há políticas econômicas que tentam atuar diretamente no aumento do emprego ou nos efeitos do desemprego. Outra linha atua nas causas do emprego ou do desemprego.
Entre as ações adotadas na primeira abordagem estão políticas específicas para promover o emprego (como incentivos setoriais) e programas de auxílio a desempregados, que são necessários e importantes, mas atuam na mitigação da doença, não na sua cura. A abordagem, porém, não evitou aumento do desemprego e da desigualdade e queda da renda.
Já nas ações de combate às causas do desemprego, vale observar as regiões que estão fazendo isso com sucesso. Os EUA tiveram alta forte de desemprego após a crise, mas agora atingem nível de pleno emprego graças ao dinamismo econômico do país, o forte papel da iniciativa privada e regulação que incentiva a livre competição e a produtividade. Diversos setores já enfrentam falta de mão-de-obra, gerando pressões inflacionárias e de demanda que podem levar à aplicação de freios para evitar superaquecimento.
Outra região que teve sucesso contra o desemprego foi a União Europeia. Ela saiu de desemprego de 10% em 2014 para 8,8% no final de fevereiro, o menor desde 2009. Em um ano, o número absoluto de pessoas desempregadas no bloco caiu em quase 2 milhões. A menor taxa de desemprego, de 4,3%, está na Alemanha, que anos atrás realizou importantes reformas previdenciária, trabalhista e de fomento à produtividade e hoje colhe os frutos. Já no Brasil, cerca de 2,5 milhões de pessoas ficaram desempregadas em um ano.
Parece claro que o aumento do emprego nas regiões citadas se dá em razão da expansão econômica e de políticas pró-crescimento. São países com sistema tributário eficientes, regulação mais flexível e incentivos ao investimento. E que adotaram medidas duras para restaurar a confiança na sustentabilidade da dívida pública e na capacidade de gerir bem suas finanças e o setor público em geral.
Todas essas medidas estão sendo suficientemente discutidas no Brasil, mas é importante deixar clara a mensagem das nações bem-sucedidas na criação de emprego -o segredo está em enfrentar as questões básicas do crescimento.
Traduzindo para o Brasil hoje, estamos falando de reequilíbrio fiscal, reformas pró-crescimento e investimento em infraestrutura.
Fonte: Folha de S.Paulo, 10/04/2016.
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