As notícias sobre a grave crise brasileira tomam as manchetes dos jornais todos os dias. Defensores e opositores ao governo, “coxas” e “petralhas,” discordam sobre o que nos levou a crise. No entanto, ninguém duvida dos efeitos drásticos que a queda nos índices econômicos trarão para a vida dos brasileiros.
Foi conversando com D.Carmen, viúva, aposentada, 75 anos, que me dei conta de todo o processo. No meio de uma conversa acalorada sobre a quantidade de calorias e o preço de um novo iogurte na gondola da padaria, aposentada me falou:
— Meu filho, olha o preço disso. R$2,35. Onde já se viu? Você é como os meus netos. Da mesma geração. Vocês não olham preço de nada. Isso vai acabar! A crise tá aí, hein. É a primeira crise que enfrentam na vida. Não é fácil, meu filho. Tudo muda!
Tomei a bronca de D.Carmen como um chacoalhar das minhas percepções. Com isso, decidimos aqui na Consumoteca realizar uma pesquisa com jovens adultos, de 18 a 35 anos, para entender como a crise está impactando a sua vida e como estavam reagindo. A investigação, realizada em abril de 2016, contou com uma pesquisa quantitativa com mil jovens em todo o Brasil, e uma qualitativa na qual investigamos 40 jovens em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.
Por conta disso, há uma máxima inquestionável:
“Os mais jovens estão diante de sua primeira crise, mas estão vivenciando esse momento de maneira muito diferente”
Eis aqui alguns highlights dessa diferença.
· Homens, classe A/B, 30 a 35 anos: Estão empregados, mas muito preocupados com a crise. Com trabalhos bem remunerados, temem a perda do padrão de vida da família (sobretudo, a escola dos filhos) e as dívidas que assumiram.
· Mulheres, classe A/B/C, 25 a 35 anos, baixa escolaridade: Esse é o perfil mais atingido pela crise. Como assumiam cargos operacionais ou no varejo, com a queda da atividade econômica viram miar todas as oportunidades
· Jovens, classe A/B/C, 18 a 24 anos: Estão apreensivos quanto ao futuro por estarem com dificuldade de conseguir o primeiro emprego ou se estabilizar na carreira. Por terem ingressado na faculdade em um período de mercado aquecido achavam que poderiam escolher onde iriam trabalhar.
· Jovens, classe A/B, 25 a 35 anos: perderam emprego ou fonte de renda, mas optaram por se reinventar no contexto da crise. Pertencem as camadas mais altas, possui uma boa rede de relacionamentos conseguiram pensar soluções para empreender.
· Jovens, classe C, 25 a 35 anos: mal remunerados, não estão conseguindo arcar com o aumento do custo de vida. Nos últimos anos, compraram eletrodomésticos e bens duráveis e agora sofrem com o aumento dos custos fixos.
· Jovens, classe A/B/C, 18 a 24 anos: jovens que não completaram seus estudos e não veem oportunidades no mercado de trabalho. São a juventude nem, nem. Nem trabalham e nem estudam. E, por consequência, não possuem planos com o futuro e nem esperam nada.
Em que perfil o seu consumidor se enquadra e como isso está afetando o seu comportamento de consumo?
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