*por Hugo Ferreira Braga Tadeu
Muitas empresas vêm investindo tempo e recursos consideráveis procurando compreender cenários de longo prazo e o comportamento futuro dos mercados. Técnicas como as análises de tendências propostas por grandes empresas de consultoria e seus institutos de pesquisa, bem como pesquisadores de escolas como Oxford e MIT vêm ganhando cada vez mais espaço na formulação das estratégias competitivas.
Recentemente, pude participar de um seminário executivo em que as análises de futuro envolviam dados do presente da economia e correlações com dados como receita, custo e produção das empresas envolvidas, buscando interpretar como a capacidade de investimento em novos segmentos poderia ser estimulada e os riscos minimizados. Para tanto, mais tempo e recursos vêm sendo empregados.
Não há dúvida da eficiência das técnicas de avaliação de cenários de longo prazo, quer seja por análises de tendências ou modelos econômicos supracitados. No entanto, Andrew Robertson, CEO da BBDO argumenta em seu texto “The Best Innovations are New Solutions to Existing Behaviors” que a simplicidade e a observação de aspectos culturais e comportamentais seriam mais valiosos para definir o futuro.
Quem nunca observou o comportamento dos jovens e a capacidade de realização de várias atividades simultâneas? Que tal escrever mensagens em computadores, escutar músicas, conversar ao telefone e ainda estudar ao mesmo tempo? Algo impensável anos atrás. Da mesma forma, a facilidade para a locomoção por meio de sistemas de transportes vem estimulando uma conectividade entre culturas, promovendo uma nova visão de mundo. No caso brasileiro, o acesso a viagens internacionais tem sido cada vez maior, destacando-se, inclusive, programas como o ciência sem fronteiras, por meio do qual universitários podem acessar as melhores universidades do mundo.
Desta forma, o presente seria a melhor forma de prever o futuro. Compreender padrões de consumo por meio de grupos focais poderia ser uma interessante proposta. Aliás, diversas empresas vêm estimulando este modelo de análise de futuro, em que pessoas são convidadas a conversas sobre seu comportamento e preferências.
Se, no passado, ouvia-se música por meio de uma orquestra sinfônica, passando pelo rádio, CDs, pen drives e, hoje, pelos sistemas de armazenamento digital nas nuvens, o futuro poderá ser, inclusive, a volta dos antigos discos de vinil, mas em um novo formato e para um nicho específico de mercado. Nada melhor do que o processo de destruição criativa, alinhado a aspectos culturais para analisar tendências. Concluindo, esteja atento àquilo que vem acontecendo aos seus produtos ou serviços mas, essencialmente, aos padrões comportamentais. O futuro está ao redor de todos nós.
Fonte: Fundação Dom Cabral, 10/06/2016.
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