Aparentemente seria impossível traçar qualquer consideração abstraindo a linha do tempo. Por mais que sejam possíveis universos paralelos previstos na ciência da física e na filosofia, no mundo fático parece ser regra seguir o relógio, obedecer a sequência dos dias, meses, anos, décadas e séculos.
Contudo, a administração do país nos últimos 12 anos conseguiu tal façanha, infelizmente, negativa – transportar a nação e sua economia para duas décadas atrás. Não apenas os 12 anos de exercício do poder malversado, mas também o efeito arrasto para algo mais atrasado. Somos a exceção à regra que reza não ser possível dar saltos na evolução. O Brasil deu o salto para trás, em todos os aspectos.
Obviamente não adianta apontar o problema e ficar especulando ao redor dele. Quando algo dá errado é preciso voltar ao ponto de origem, ao começo do desvio, verificar suas causas e efeitos para não repetir a conduta. Não se trata de ser conivente com os próprios erros ou ainda perdulário ou fatalista. Trata-se de achar um caminho alternativo que tenha bases sólidas para vingar não apenas entre os nativos, mas também convencer os parceiros ao redor de que temos jeito, que podemos e estamos nos recuperando.
No retrato do momento, o hoje não existe nessa proposta. O hoje ainda é muito tênue e temerário. Provavelmente porque a economia vive da confiança do consumidor em longo prazo, conforme Keynes e a Escola de Frankfurt – New York já provaram anteriormente, e o quadro político ainda é frenético por aqui, afetando diretamente a confiança do cidadão na condução dos negócios públicos, o que reflete de maneira muito mais forte e evidente nas resoluções particulares e na condução da vida em si para cada indivíduo.
A doutrina nacional não trata diretamente desse Princípio, mas o adota por analogia – o Professor catedrático jubilado Doutor José Joaquim Gomes Canotilho que visita nossas terras constantemente tem trabalho impar sobre o princípio da confiança do cidadão no contrato Social entre representantes e representados dentro do sistema democrático de governo adotado por nossa Carta Magna. Por certo, nosso hoje é um atentado a tal cânone.
Diante dos eventos ligados à corrupção generalizada em todos os níveis, é perceptível a opção pelo ignorar o hoje. Não existe lição no hoje que se apresenta.
Existe lição no ontem, na evidência que prega no mural do cotidiano a omissão do povo com os assuntos públicos e políticos. Pagamos o preço da indiferença, e a conta é apresentada sempre, com ênfase no hoje, seu dia de vencimento.
Então, é fundamental apender com o ontem para que o amanhã seja, quando menos, razoável, coerente.
Corrobora a proposição aqui feita o quadro de países estabilizados política e economicamente. Nessas nações, é possível à pessoa pensar o seu hoje, cada minuto e hora dentro dele e os dias que virão a seguir. Gozam de constância emocional. Projetos dependem essencialmente dos próprios esforços e não da variação de credibilidade no governo, ou na condução correta e transparente do Estado.
Ainda que o hoje seja dispensável em termos de lição, é matéria prima do amanhã. Se quisermos algo melhor e definitivo para nós e quem nos sucede é o agora que conta. Não como apostila, mas como ação, atitude e projeção. Olhar e aprender com o ontem, para o amanhã. Hoje, é só fazer.
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