O caso Embraer é um “forte sinal” de que outras empresas brasileiras envolvidas em casos de corrupção no exterior começarão a ser punidas. Na avaliação do representante da ONG Transparência Internacional no Brasil, Bruno Brandão, o Brasil é visto no mundo como “exportador de corrupção”. Em julho, a entidade divulgou um estudo que trouxe a empresa aérea com a nota 5,6 em uma escala de zero a dez em matéria de transparência. A Embraer foi a companhia brasileira a ter a nota mais alta entre as empresas de países emergentes estudadas. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao “Estado”:
A fiscalização contra a corrupção no Brasil é ineficiente?
Desde que o Brasil assinou a convenção anticorrupção da OCDE, em junho de 2000, foram poucas as empresas que sofreram as sanções previstas em casos de práticas de subornos transnacionais. Isso deixou o Brasil com uma imagem de exportador de corrupção. São várias instâncias que não agem, não por falta de interesse, mas por incapacidade de atuação, dada a enorme quantidade de investigações em andamento.
O caso Embraer pode impactar outras empresas nacionais?
É um sinal fortíssimo, e os empresários já temem um efeito dominó com os desdobramentos da Operação Lava Jato. Essa é a primeira vez que uma grande empresa brasileira é punida por práticas irregulares durante sua prospecção de negócios no exterior. O mercado global não tolera mais esse tipo de conduta, principalmente as autoridades nos EUA.
E como aumentar a fiscalização?
Defendemos a internacionalização da Lava Jato. Vários países onde as empresas brasileiras operam, em especial nos países da América Latina e no continente africano, têm um ambiente de permissividade muito alto, com instituições fragéis e incapazes de levar adiante qualquer investigação.
Quais os efeitos desse acordo nos negócios da Embraer?
É sempre positivo para os negócios quando há uma melhora nos padrões de controle interno e níveis de transparência. Essa é uma tendência no mundo inteiro, com as empresas que estiveram envolvidas em casos de corrupção. Elas querem limpar seu nome e recuperar sua reputação. E, para isso, são necessárias transformações profundas. Uma empresa pode dizer que tem programas eficientes de compliance, mas quando isso fica entre quatro paredes é impossível para nós avaliar a execução desses planos. Com transparência, quem faz o controle são os acionistas da empresa, o governo e a própria sociedade. E isso pode atrair mais investidores.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”.
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