“Conservadores”, desses que habitam as redes sociais, comemoraram o resultado de plebiscitos recentes, como a rejeição do acordo de paz com as Farc na Colômbia ou a saída do Reino Unido da União Europeia. Mas conservadores como Edmund Burke ou James Madison sempre preferiram a democracia representativa à direta e desconfiavam dos plebiscitos. “Eles acreditavam em liderança política e na influência popular – nenhuma das duas estaria certa o tempo todo, mas o equilíbrio ajudaria a corrigir as falhas de ambas”, escrevem os cientistas políticos Christopher Achen e Larry Bartels no livro Democracy for Realists.
Consultas populares são avessas a debates aprofundados, reféns de máquinas de propaganda e do interesse de grupos específicos, em detrimento da maioria. Achen e Bartels citam plebiscitos americanos dos anos 1950 e 1960, que rejeitaram, por maioria superior a 60%, a adição de flúor à água, apesar do benefício comprovado à saúde dentária. Em Oakland, na Califórnia, mais de 73% da população aprovou uma medida que reduzia gastos com bombeiros. Anos depois, um incêndio devastador demorou a ser contido – deixou 25 mortos e 100 casas destruídas.
Fonte: O Estado de S.Paulo, 09/10/2016.
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