O que ficou da experiência de Lorraynne Martis, de 17 anos, na Faetec foi frustração. A menina ficou empolgada com a possibilidade de estudar Eletrônica enquanto cursa o ensino médio, mas, por causa das greves e problemas internos, nenhum curso andava. A solução foi trocar de colégio, e ela migrou para a rede estadual. O movimento de saída dos estudantes tem sido percebido nas salas. Professores de cinco unidades da Faetec consultados pelo “Extra” estimam que perderam pelo menos 30% dos alunos do ano passado para cá.
— A bagunça lá é demais. Queria terminar meu ensino médio, então, larguei — conta a moradora de Anchieta.
A Faetec atrasou Lorraynne. O ano letivo de 2017 só começou na rede na última semana. Por isso, quando a jovem foi para a rede estadual, há cerca de um mês, entrou com o restante da escola já no meio do segundo bimestre. A diferença entre a rede estadual e a Faetec é que, na primeira, os salários são pagos com verba federal do Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), que não pode ser usado para a Faetec, que faz parte da Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social. Por isso, os professores estão com os salários atrasados.
— Houve evasão muito grande no último ano, resultado de um desmonte da Faetec. A procura de novos alunos foi baixíssima. Tem cursos com apenas três matriculados. Temos medo de a Faetec começar a excluir cursos alegando falta de demanda — afirmou uma professora da rede: — E, mesmo assim, não há condições mínimas para atender nem esses poucos estudantes.
A Faetec informou que ainda não contabilizou a perda de alunos nos últimos dois anos. Segundo a fundação, não há dados sobre 2016 porque o ano letivo acabou há pouco tempo. E 2017 ainda tem matrículas abertas para cursos até o dia 4 de junho.
O secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social, Pedro Fernandes, afirmou que entende a saída de alunos. De acordo com ele, a perspectiva é começar o ano letivo de 2018 no mesmo período das outras redes de ensino.
— Essa debandada é muito natural por tudo que eles passaram. Quando a gente assumiu, há quatro meses, a situação era muito crítica. Mas retomamos as aulas e estamos tendo uma certa normalidade. Tanto é que concluímos o ano de 2016 e a perspectiva é iniciar 2018 no começo do ano — afirmou.
Por nota, a Faetec informou que “oferece aulas de apoio, reforço escolar, além de proporcionar aos alunos atividades dinâmicas através de docentes altamente qualificados (mestres e doutores)” para tentar conter a evasão.
O secretário Pedro Fernandes afirmou que a normalidade da Faetec, no entanto, ainda depende da regularização do pagamento dos professores e do saneamento das contas do estado.
— É muito difícil o professor manter a motivação com dois meses de salários atrasados. A expectativa é de que o governo, até julho, coloque o salário de todo mundo em dia, volte a pagar os fornecedores e, assim, o ano letivo funciona sem problemas. Acredito na normalidade daqui pra frente. Só assim, mostrando a importância da Faetec, vamos motivar os alunos — diz o secretário.
Dívida
O secretário Pedro Fernandes estimou a dívida da Faetec com fornecedores em mais de R$ 250 milhões. Essas são empresas que fornecem, por exemplo, mão de obra para limpeza e alimentação.
Atraso de salários
Por causa desse atraso do pagamento dos fornecedores, funcionários estão com salários atrasados há cerca de seis meses, de acordo com professores da instituição ouvidos pelo “Extra”.
Menos vagas
O número de vagas abertas pela Faetec caiu quase 15% entre 2016 e 2017. De acordo com a fundação, houve 8.505 vagas no ano passado e, para este, foram abertas 7.519.
Instalações
Os últimos anos com inúmeros problemas na rede fizeram mal às estruturas dos colégios. No Iserj, por exemplo, salas estão destruídas e há uma área em que cadeiras velhas foram depositadas.
Fonte: Extra
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