Nos anos 1980, a representação empresarial se deslocou das tradicionais confederações para entidades mais segmentadas. Daí, entidades como Anfavea, Abimaq, Unica, entre outras, ganharam proeminência em detrimento das confederações empresarias. No âmbito dos trabalhadores, ocorreu um movimento inverso: surgiram algumas poucas centrais sindicais que lutavam entre si pela hegemonia. A Central Única dos Trabalhadores imperou, por um bom tempo, até que a Força Sindical surgiu e, a partir daí, algumas outras.
Na atualidade, vemos a convergência de um movimento. As centrais sindicais perdem liderança e já não mobilizam, como antes, a sociedade e o seu próprio universo. Permitem que suas manifestações e mobilizações sejam contaminadas por vândalos e black blocs. O que resulta em críticas à sua representatividade.
Afinal, representam as centrais sindicais os interesses de trabalhadores ou de seus sistemas ideológicos e/ou clientelísticos? Parece não existir dúvida de que os trabalhadores são massa de manobra. Centrais sindicais nunca foram capazes de se mobilizar para um agenda de modernização das relações do trabalho e dinamizar a economia do País.
Mas não são apenas eles. O mesmo se dá no mundo empresarial.
As confederações empresariais atravessaram a maior crise econômica do País em triste omissão. Nada fizeram de útil. Nada foi proposto de concreto. Nunca se articularam para buscar uma agenda de mobilização e retomada. Colocam as expectativas no governo, pai de todos, que deveria resolver tudo. Bovinamente se acomodam em torno da tripé que impede o desenvolvimento do Brasil: juros altos, impostos altos e legislação trabalhista arcaica.
Um anônimo disse, certa vez, que a burocracia aumenta para atender aos interesses do aumento da burocracia! E não pelo interesse da cidadania. O mesmo se dá no mundo sindical — de trabalhadores e empresários.
Os interesses do cidadão ficam a reboque do corporativismo da burocracia estatal e do neopeleguismo. Gastam mais energia consigo do que em servir aos propósitos para os quais foram criadas. Como sempre, as vítimas são os trabalhadores e empresários que, compulsoriamente, são obrigados a financiar a festa para a qual não foram convidados.
Fonte: “Isto é”, 26 de maio de 2017.
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