Tudo indica que deixamos mesmo para trás os maus momentos enfrentados pela economia em 2015 e 2016
Os dados da produção industrial de maio, divulgados hoje pelo IBGE, são bons nas circunstâncias atuais. Houve expansão de 4% em relação ao mesmo mês de 2017. É a maior alta desde fevereiro de 2014. O desempenho indica estabilização e sinaliza que a produção industrial pode crescer perto de 3% este ano. Nada mau quando se considera que a indústria vinha despencando há mais de dois anos.
Esse e outros dados reforçam a percepção de que o país está saindo de sua maior recessão, causada pela política econômica do governo Dilma e pela desastrosa Nova Matriz Econômica. Seu pior lado é o número de brasileiros desempregados, quase 14 milhões.
As previsões para o segundo trimestre são de uma pequena queda do PIB, da ordem de 0,2%, o que, felizmente, não interromperia o curso da recuperação. O crescimento de 2017 seria medíocre (0,3%), mas pode haver aceleração a partir do quarto trimestre, apontando para crescimento de 2,5% a 3% em 2018.
A Tendências Consultoria selecionou oito indicadores macroeconômicos pelos quais é possível antecipar a perspectiva geral da economia. Levantou também outros doze indicadores setoriais que podem mostrar dinâmica próxima da média da economia.
Os indicadores macroeconômicos escolhidos incluem, entre outros, dados de renda do trabalho, emprego, concessão de crédito à pessoa física e vendas no varejo. Do lado setorial, aparecem expedição de papel ondulado, armazenagem, fluxos de veículos nas estradas e vendas de supermercados, combustíveis, farmácias, livrarias e papelaria. Foi examinada ainda a produção de bens de consumo não duráveis e de bens intermediários.
Todos esses indicadores mostram crescimento razoável nos últimos meses, geralmente acima das projeções de crescimento do PIB no ano em curso. Alguns já exibem desempenho expressivo, permitindo estimativas bem otimistas para o ano. São os casos da concessão de crédito à pessoa física (+15,1%) e da venda de automóveis (+5,9%).
A Tendências alerta para as incertezas vindas do agravamento da crise política, que podem afetar a confiança, reduzindo intenções de consumo e de investimento. Tampouco há que falar, diz o estudo, em qualquer euforia sobre a retomada da economia, mesmo porque o emprego mal começou a reagir. Implícita está a ideia, todavia, de que dificilmente a recessão voltaria a nos atormentar.
Afora tudo isso, a produção agropecuária, ajudada por boas condições climáticas e taxa de câmbio favorável, pode crescer expressivos 11,7% este ano. A contribuição da safra para a balança comercial acarretou o melhor desempenho desde 1989. O superávit comercial pode superar US$ 60 bilhões em 2017, ajudando a reforçar a ausência de risco no balanço de pagamentos, nosso calcanhar de aquiles nas crises do passado.
É muito provável, pois, que o Brasil tenha deixado para trás os maus momentos de 2015 e 2016. Ainda é uma recuperação cíclica, isto é, fundada na ocupação da capacidade ociosa na economia. Uma recuperação estrutural dependerá de um novo ciclo de investimentos, mas isso será a grande tarefa a ser empreendida pelo presidente a ser eleito em 2018. Torçamos para a escolha recair em um líder transformador e responsável.
Fonte: revista “Veja”
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