Estudo constata redução de faturamento de janeiro a abril
O crescimento dos índices de violência já se reflete na queda das receitas com turismo no estado. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, de janeiro a abril deste ano, o setor turístico perdeu R$ 768,5 milhões, sendo que, deste total, 42% devido à criminalidade. A redução pôde ser constatada ao se comparar o movimento deste quadrimestre com o do mesmo período do ano passado.
— Como esse problema da criminalidade é difícil de resolver, a tendência é fechar mais empresas e postos de trabalho na área de turismo. De janeiro a abril, o resultado foi negativo, com menos 8.833 empregos, na análise do quadro entre pessoas contratadas e dispensadas. Bem mais do que no mesmo período do ano passado, quando o número foi 5.025.
Desde que a CNC começou a fazer a pesquisa, em 2012, o quadrimestre janeiro/abril deste ano foi o primeiro em que o faturamento com turismo, sem correção da inflação, diminuiu no estado em comparação com os mesmos meses do ano anterior. A receita, em valores nominais, foi de R$ 8,96 bilhões.
Na análise da queda de faturamento bruto das empresas da área de turismo, a CNC considerou, além da violência, fatores relacionados à conjuntura econômica, como o desemprego (50%), o principal deles, o aumento dos gastos de brasileiros com viagens ao exterior, a escassez de crédito e a alta base comparativa com a geração de receitas oriundas dos Jogos de 2016.
— Mas, inegavelmente, o aumento da criminalidade contribuiu sobremaneira para agravar a perda de dinamismo desse setor no estado — afirma Bentes.
Na avaliação da CNC, embora o turista não seja a principal vítima direta dos crimes registrados, o avanço da criminalidade e, consequentemente, a percepção de insegurança contribuíram para a queda no nível de atividade do setor no estado.
Do total de R$ 320 milhões, o segmento de bares e restaurantes foi o mais afetado (R$ 167 milhões). Em seguida, vêm os serviços de transportes (intermunicipal, interestadual e internacional), agências de viagem e locadoras de veículos (R$ 105,5 milhões); hotéis e pousadas (R$ 47,8 milhões); e as atividades culturais e de lazer (R$ 7,2 milhões).
Ligado ao segmento hoteleiro, o presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC, Alexandre Sampaio, observa que a segurança pública é uma questão estadual. Porém, ele chama atenção para o fato de que o estado, em sérias dificuldades financeiras, precisa da ajuda da prefeitura para tentar conter a violência:
— A violência afeta o turismo porque dilapida a imagem do Rio. O próprio brasileiro não quer mais visitar o Rio. A prefeitura deveria destacar um contingente da Guarda Municipal para policiar áreas turísticas. Mesmo sem armas de fogo, poderiam agir. Até porque a redução do turismo significa menos ISS e ICMS.
Para fazer o estudo, a CNC cruzou dados do Índice de Atividades Turísticas, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD contínua), do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), todos do IBGE, assim como informações do Banco Central, do ISP e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego.
Fonte: “O Globo”
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