As empresas brasileiras estão cada vez mais olhando para fora, aponta a a 12ª edição do ranking de internacionalização, divulgada nesta terça-feira (10) pela Fundação Dom Cabral.
A orientação mais internacional foi também uma estratégia de sobrevivência diante da crise econômica brasileira, que derrubou os resultados internos.
“As empresas estão otimistas no processo de internacionalização e tem encontrado nela uma forma de reduzir riscos e dependência do mercado doméstico”, diz Lívia Barakat, professora da FDC.
O estudo englobou 65 empresas, sendo 54 multinacionais brasileiras e 11 empresas que atuam no exterior por meio de franquias.
Juntas, as empresas analisadas atuam hoje em 87 países e seu grau de internacionalização foi medido com base em um índice criado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Avanço
34 das empresas (ou 63% do total) avançaram no exterior em 2016, enquanto outras 18 empresas (33%) recuaram e 2 permaneceram estáveis (4%). No caso das franquias, 5 avançaram (45%), 5 recuaram (45%) e 1 se manteve estável (10%).
“Mais empresas entraram em países do que saíram, mais empresas abriram filiais em outros países do que fecharam, e elas estão satisfeitas com seu desempenho no exterior apesar da margem de lucro ainda ser maior aqui dentro”, resume Lívia.
É totalmente diferente do cenário visto em períodos como entre 2010 e 2012, quando as empresas brasileiras se mostravam mais satisfeitas com seu desempenho no mercado doméstico do que no internacional em todos os indicadores.
Os setores hoje mais representados, cada um com 11% das empresas, são os de materiais de construção, alimentos e bebidas, tecnologia de informação e comunicação e fabricação de maquinas e equipamentos.
Um dos movimentos observados pela FDC foi o avanço de empresas de tecnologia, que não apareciam quando o ranking começou há ser feito mais de uma década.
Futuro
O país onde a presença das empresas brasileiras é maior é de longe os Estados Unidos. Segundo Bianca, essa preferência tem várias razões: o tamanho do mercado consumidor americano, a facilidade para atingir outros mercados e o acesso à tecnologia de ponta.
O estudo também mostra que surpresas como a decisão do Reino Unido sair da União Europeia e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos assustaram, mas até agora tiveram pouco impacto prático.
No cenário doméstico, fatores positivos como a retomada do crescimento e outros potencialmente desestabilizadores como a eleição de 2018 são acompanhados de perto, mas não há perspectiva de reversão.
Para os próximos anos, 42,3% das empresas consultadas esperam entrar em novos mercados enquanto 67,3% planejam expandir em mercados em que já atuam.
“Parte da mudança já era uma estratégia de intensificação da presença nos mercados externos. O cenário doméstico contribuiu para acelerar esse processo, mas por mais que a economia volte a melhorar, isso não vai fazer as empresas olharem para dentro”, diz Lívia.
Fonte: “Exame”
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