De espanto em espanto, o Rio de Janeiro vai se revelando um caso de demência irreversível em matéria de corrupção. Uma pergunta à parte: quem se vê, o tempo todo, por trás disso?
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A geração de brasileiros que vai chegando agora à maioridade, essa geração digital que veio para mudar o país com uma nova maneira de pensar e de reagir às questões da sociedade, está começando a vida com uma impressão inédita do significado das palavras “poder” e “público”, quando utilizadas junto. O Brasil, é claro para todos, sempre foi um país de ladrões – roubam os políticos, roubam os governos, roubam os que mandam na máquina pública, em parceria fechada, há 500 anos, com todos aqueles que de alguma forma querem subtrair algum dinheiro do Tesouro Nacional. Trata-se, hoje, de uma multidão – vão de empreiteiros monumentais de obras públicas à ONGs e artistas que assinam manifestos contra o governo. Mas mesmo assim, com toda a imensa experiência que o Brasil acumulou no convívio com o crime político (crime político, no Brasil de hoje, significa roubar – só isso), nunca houve nada de parecido com o que está acontecendo neste momento no Rio de Janeiro. A nova geração, que não viu como era antes – era apenas horrível – só pode chegar a uma conclusão, diante do que vê: a vida pública é uma aberração doentia e progressiva. Não pode ser outra coisa. Hoje é unicamente uma atividade exercida por sociopatas, um arrastão criminoso que já invadiu há muito tempo o território da demência em estágio terminal. Os ladrões, no Rio, perderam o controle sobre a própria ladroagem. “Espanaram”, como se diz.
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