Somos uma nação que faz o honesto se sentir um tolo, enquanto os malandros sorriem com a empáfia venal da impunidade garantida. Sim, está difícil. Dá vontade de largar tudo e desistir de vez. Mas fazer isso é aceitar a vitória dos canalhas. Tudo que essa gente quer é que a decência abdique do dever de lutar pelo bem e agir com retidão de caráter. Logo, o caminho é um só: temos que resistir e sermos persistentes em nossas batalhas cívicas.
Aparentemente, o sistema está sitiado. A velha política, afora alguns lances patéticos de blindagem corporativa, perde consistentemente sua influência de poder. Ninguém mais acredita em cretinos fantasiados de políticos. Dentro do próximo horizonte eleitoral, muitos morrerão nas urnas, enquanto outros não passarão de moribundos em passos de despedida. De fundamental, exsurge a certeza de que a orquestra da democracia nacional requer novos e melhores regentes públicos.
Para tanto, precisaremos de líderes éticos, comprometidos com a verdade e decididos a fazer política com integridade. Os desafios da contemporaneidade somente serão superados com líderes conscientes das verticais transformações que a tecnologia imporá às pessoas e à sociedade. Mais do que reformas pontuais, precisaremos de um arcabouço legislativo totalmente repaginado, simples, conciso e maleável à dinâmica dos fatos econômicos. Além de valorizar a inteligência, precisaremos de um corpo político com credibilidade para dialogar com as pessoas, expor as opções de futuro e tomar decisões apropriadas.
Com talento e ousadia criativa, temos plenas condições de fazer diferente e impactar positivamente a realidade do Brasil. Na partitura dos acontecimentos, os grandes homens não temem as piores crises, pois é na desordem irracional das circunstâncias que o pensamento superior se apresenta para reger a sinfonia da vida. Ao invés de uma perfeição inalcançável, a democracia é apenas uma possibilidade de vivermos sem amarras. E liberdade, antes de um direito, traduz uma intransferível conquista pessoal. As oportunidades estão aí, mas onde estamos nós?
Fonte: “Zero Hora”, 27/11/2017
No Comment! Be the first one.