As eleições presidenciais sempre passam por Minas Gerais. Quando desejamos avaliar a tendência do Brasil em pesquisas eleitorais, sempre buscamos no Estado um retrato fiel do que acontece no restante da nação. Isto porque Minas possui em seu desenho as características do país. Assim como o Estado de Ohio na eleição americana, é um termômetro do quadro nacional.
Muitos pleitos nacionais foram decididos em Minas, inclusive o mais recente, disputado ao final por dois mineiros. O Estado decide eleições nacionais, sem dúvida, mas em seus limites surgem as tendências que mais adiante serão acompanhadas pelo resto do Brasil. Com a Zona da Mata dividindo seus limites com o Rio de Janeiro, Sul e Sudoeste com São Paulo, que dividem esta característica com o Triângulo e Alto Paranaíba avançando também para o Centro-Oeste, nos limites do Noroeste, somando-se ao Jequitinhonha e Norte com fronteiras com o Nordeste e possuindo uma região metropolitana que guarda padrões dos grandes centros, Minas Gerais é um retrato do Brasil.
Sendo um verdadeiro laboratório das tendências nacionais, o Estado precisa ser avaliado com especial atenção neste período de intensa mudança política pela qual passa o Brasil. Belo Horizonte provou isto na última eleição para prefeito. Quem acompanhou o que acontecia ali, conseguiu entender o movimento do eleitorado em diversas capitais. Em pesquisas qualitativas em Minas Gerais podemos avaliar o potencial de crescimento de Luciano Huck, por exemplo, ou o impacto da saída de Lula da corrida presidencial e mesmo enxergar os limites de Bolsonaro. As explicações e tendências nacionais estão dentro dos limites de nosso território.
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Sendo assim, precisamos nos perguntar depois dos efeitos do impeachment e da Lava Jato, que acertaram em cheio os lados que dividiam a política nacional, onde o Estado se posiciona no quadro eleitoral que se avizinha. Enquanto Aécio Neves busca costurar seu retorno, é preciso saber se o governador Fernando Pimentel terá chances de se reeleger ou mesmo se todos eles serão atropelados por uma terceira via apresentada pela renovação na política como aconteceu na prefeitura de Belo Horizonte.
A certeza que existe é que Minas Gerais mais uma vez servirá de termômetro nacional. O que acontecerá nas urnas do Estado certamente deve se refletir em nível nacional. O ganhador do pleito nacional será o mesmo vencedor nos limites de Minas, assim como ocorreu em todas eleições presidenciais pós-democratização. Portanto, os candidatos devem começar e terminar suas campanhas por aqui, pois as respostas buscadas pelas estratégias política e de marketing são encontradas em nossos limites.
Estamos diante de uma eleição diferente, que terá enorme foco na rejeição dos políticos tradicionais. Se esta profecia se cumprir, o Brasil deve passar por uma profunda transformação, optando por uma nova forma de fazer política. Os sinais da concretização deste movimento estão em curso e podem já ser escutados pelos quatro cantos de Minas Gerais.
Fonte: “O Tempo”, 05/01/2018