Nos primeiros dois meses de 2018, os investimentos das empresas estatais registraram o menor valor na última década, só comparáveis com os valores de 2005 para o mesmo período do ano, em dados já corrigidos pela inflação, revela estudo da Associação Contas Abertas.
Como as estatais responderam, nos últimos anos, por pouco mais de 10% da Formação Bruta de Capital Fixo, o principal termômetro de investimentos do país, a retração puxada pela Petrobras e acompanhada pela Eletrobrás e pela Infraero é um mau sinal para a expectativa de retomada do crescimento neste ano, depois de quatro anos de encolhimento da economia.
Em janeiro e fevereiro, os investimentos das estatais somaram R$ 6,3 bilhões, pouco mais de 9% do total autorizado no ano para o conjunto das empresas sob controle da União. Em 2018, o Orçamento de investimentos das estatais partiu de uma autorização inicial de R$ 68,8 bilhões, 26% menor do que a do ano anterior.
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A Petrobras detém ainda a maior parcela dessa conta. Desembolsou R$ 5,7 bilhões em investimentos no primeiro bimestre de 2018. Mas esse valor representa a terça parte do que foi investimento no mesmo período de 2014.
A Eletrobrás, que o governo pretende privatizar ainda este ano, investiu no primeiro bimestre R$ 280 milhões, pouco mais de 3% da previsão anual de R$ 7,7 bilhões, o segundo menor valor em quase 20 anos. A inclusão da empresa no Programa Nacional de Desestatização é uma das prioridades do novo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, mas ainda enfrenta resistências no Congresso. A previsão de arrecadação de R$ 12,2 bilhões com a privatização já foi considerada como fonte de recursos para bancar parte dos gastos públicos em 2018.
A Infraero não destoa do conjunto das estatais. Começou o ano com a menor previsão de investimentos da década e desembolsou no primeiro bimestre R$ 34 milhões.
No conjunto de investimentos previstos da União para 2018, as empresas estatais respondem por um valor 61% maior do que a administração direta. No ano passado, a União investiu um total de R$ 88,4 bilhões.
Fonte: “Contas Abertas”