O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou um crescimento econômico global de até 3,9% em 2018 e em 2019, mas advertiu para desafios de uma expansão que está se tornando menos uniforme e com riscos para alguns países, como o Brasil.
No caso brasileiro, o Fundo Monetário prevê crescimento de 1,8% na economia neste ano e de 2,5% para 2019. São percentuais mais baixos na perspectiva para mercados emergentes, que foi colocada em 4,9%, em 2018, e 5,1% no ano que vem. O Brasil aparece com previsões reduzidas na economia ao lado da Argentina e da Índia em estudo divulgado pelo Fundo ontem, em Washington.
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O Fundo advertiu que o dólar americano se fortaleceu em mais de 4% desde fevereiro, enquanto o euro permanece praticamente inalterado. “Em contraste, algumas moedas de mercados emergentes se depreciam acentuadamente”, ressaltou a instituição. “O real no Brasil desvalorizou mais de 10% em uma recuperação mais fraca do que o esperado” e em cenário de incerteza política, completou o Fundo.
Outros países também sofreram com a elevação do dólar, como a Argentina, que teve enfraquecimento de mais de 20%, e a Turquia com cerca de 10% a menos no valor da moeda local.
A advertência do FMI é que o crescimento na América Latina deverá ser tão modesto quanto os 1,3% verificados em 2017, atingindo 1,6% em 2018 e 2,6% em 2019.
“Enquanto os preços mais altos das commodities continuam a prestar apoio aos exportadores na região, a perspectiva reflete as tendências mais difíceis para as principais economias”, informou o Fundo.
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No caso do Brasil, o FMI apontou “efeitos persistentes de greves e incertezas políticas”. Ao tratar da Argentina, o Fundo mencionou as condições financeiras mais rigorosas e a necessidade de ajuste nas políticas. Já o México foi citado com relação às tensões comerciais, a incerteza prolongada em torno da renegociação do Nafta e a agenda política do novo governo. “A perspectiva para a Venezuela, que está passando por um colapso dramático na atividade e uma crise humanitária, foi revisada para baixo, apesar da recuperação dos preços do petróleo, já que a produção de petróleo caiu drasticamente.”
Um dos fatores que estaria dificultando os países da América Latina é a política do Federal Reserve nos EUA. O Fundo destacou que dado o forte emprego dos EUA e a reafirmação da inflação naquele país, o Fed está a caminho de continuar aumentando as taxas de juros nos próximos dois anos “endurecendo sua política monetária em comparação com outras com outras economias avançadas e fortalecendo o dólar dos EUA”.
O Fundo advertiu que o dólar está se valorizando amplamente desde abril e “as condições financeiras enfrentadas pelas economias emergentes e de fronteira tornaram-se um pouco mais restritivas”. “Essas condições financeiras permanecem relativamente benignas no contexto histórico”, ressaltou o FMI. “Se o Fed se apertar mais rápido do que o esperado atualmente, no entanto, uma ampla gama de países poderia sentir pressões mais intensas”, concluiu.
Fonte: “Valor Econômico”