Para comemorar a sua edição de número 500, o Podcast Rio Bravo Investimentos fez uma rara e exclusiva entrevista com o empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann. Um dos principais homens de negócio do mundo, Lemman é também uma das personalidades mais atentas e preocupadas com o Brasil. Em entrevista, o empresário falou sobre sua trajetória, sobre educação e a importância da governança no país.
Sobre o fundo de investimento 3G Capital, Lemann contou que o método do 3G é atrair bons profissionais e transformá-los em sócios. “O 3G só faz uma coisa de cada vez. Só faz com gente que já conhece e, principalmente, com o próprio capital. Nós achamos que o private equity é um ramo interessante, mas a maioria das empresas partem para captar muito, porque querem ganhar dinheiro no fee e não necessariamente no resultado. Então, o 3G faz poucos negócios, com muito foco, principalmente com dinheiro próprio e sempre para construir no longo prazo”, disse.
Sobre a possibilidade de replicar o método do 3G Capital na área pública, Jorge Paulo Lemann acredita que há grandes dificuldades neste setor. “Você não pode demitir, você não pode remunerar bem às vezes, a área pública muitas vezes não é meritocrática. Quer dizer, você não escolhe os melhores”, disse. Enfatizou que o Brasil deve ficar mais consciente pois “se nós não ficarmos mais meritocráticos, não vai funcionar. O Brasil melhorou muito em termos fiscais. Educação também é um baita problema, mas está melhorando. Está todo mundo falando mais de educação, que temos que educar melhor e que sem ter gente mais bem-educada nunca vamos ter igualdade ou igualdade de oportunidade, etc. Agora, meritocracia o pessoal ainda fala pouco. Tem que falar mais, o Brasil (governo) tem que ficar muito mais meritocrático, como é o setor privado. Se você for ver os órgãos governamentais, em geral, aonde tem mais escolha e mais meritocracia, são os melhores. Banco Central é bom, mas em geral falta meritocracia”, comentou.
O brasileiro quer melhorar
Lemann esclareceu que existem motivos para acreditar no Brasil. “Tem muita coisa boa aqui. Os recursos naturais, você tem a agricultura que é legal, você tem hoje em dia muito empreendedor. Em todo lugar que eu vou tem algum sujeito começando alguma coisa e com sucesso. Tem muito disso, algo que não tinha antigamente. Acho que o brasileiro quer melhorar, mas está faltando é colocar um pouquinho mais de ordem nas coisas, ter uma governança melhor, mais meritocracia, mais gente que queira trabalhar junto”.
Através de sua Fundação Estudar, uma das principais preocupações manifestadas pelo empresário é justamente a educação, principalmente a educação básica. Na entrevista, Lemann mencionou que todos os índices internacionais indicam que estamos atrasados: “mas estamos muito mais conscientes do problema do que estávamos há dez, quinze anos. Tem mais gente falando da importância da educação e temos alguns progressos. Você tem exemplo muito bom no Brasil de educação básica em escola pública e que não é ligada a riqueza: Sobral, por exemplo, é um espetáculo. No Ceará, a cidade de 200 mil pessoas, tem a melhor educação pública do Brasil. Tem outros exemplos desse tipo. O pessoal agora está indo ver o que Sobral tem. Está melhorando. Eu gostaria que o Brasil melhorasse muito mais nos próximos anos. Eu sou um cara competitivo, então me dói ver que o Brasil não é competitivo em termos de educação. Me preocupa, país bom é onde as pessoas têm as mesmas oportunidades”, finalizou.
Confira a entrevista completa aqui.
Fonte: “Podcast Rio Bravo”