A uma semana do início do horário eleitoral gratuito, a preparação dos principais candidatos à Presidência para os programas em rádio e TV revela o quanto o tempo nos programas vai ditar a estratégia para alcançar o eleitor. Ao mesmo tempo em que avaliam a melhor forma para apresentar propostas, os candidatos se concentram para tentar diminuir o potencial de crescimento dos adversários nas pesquisas de intenções de voto.
Dados divulgados nesta quinta-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram grande diferença do tempo de exposição. Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas no cenário sem o nome do ex-presidente Lula, terá direito a 11 inserções em 35 dias de campanha, enquanto o tucano Geraldo Alckmin, quarto colocado nas sondagens sem Lula, terá, no mesmo período, direito a 434 inserções. Do PDT, Ciro Gomes contará com 51 programas de 30 segundos até o fim da campanha. Já Marina Silva (Rede) contará com 29 inserções.
Com o maior tempo, a campanha de Alckmin estuda qual a melhor forma para roubar votos de Jair Bolsonaro usando a TV. Inserções já foram gravadas e estão sendo testadas para analisar o impacto, principalmente no público feminino. Este é o segmento em que o desempenho de Bolsonaro é o mais baixo segundo as pesquisas eleitorais.
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No início da próxima semana, Alckmin e sua equipe têm reunião marcada de alinhamento de estratégias para a estreia no rádio e TV. Para alguns aliados, no entanto, o tucano deveria se apresentar desde o início mais ofensivo. A dúvida é se a estratégia agressiva na TV renderá benefícios ao candidato.
Empacado num quatro lugar nas pesquisas há meses, Alckmin tem pedido a aliados paciência porque ele acredita que começará a crescer a partir da veiculação do horário eleitoral. Como será uma campanha curta, apoiadores do tucano consideram razoável esperar até duas semanas de horário eleitoral para o candidato mostrar esse crescimento. Depois disso, suas chances deverão ser colocadas em dúvida.
Já a campanha de Bolsonaro vai usar o tempo para chamar eleitores para a internet. Será pelas redes que ele responderá também às críticas. De acordo com a coordenação da campanha, o planejamento é que, durante a exibição do horário eleitoral, o candidato faça uma transmissão ao vivo nas redes sociais. O bate-papo com os eleitores só não ocorrerá se ele tiver alguma agenda de campanha que impossibilite a transmissão.
— Já que não temos tempo na TV, vamos falar com eleitor pela internet — disse Major Olímpio, presidente do PSL em São Paulo.
O programa de TV deverá usar vídeos de internet feitos por apoiadores e imagens que têm sido captadas por uma equipe de cinegrafistas que o acompanha nas agendas. Diferentemente de outras campanhas, Bolsonaro não dedica tempo para gravar programa.
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Com pouco tempo à disposição, Marina pretende usar o horário eleitoral para reforçar a identificação do seu discurso ambientalista com o de seu vice, Eduardo Jorge. Além das tomadas feitas sem ensaio de atos e discursos de campanha, a candidata da Rede gravará em São Paulo uma passagem de seu programa eleitoral.
A candidata costuma criticar os investimentos dos outros candidatos em marqueteiros, principalmente em relação à campanha de 2014.
Preocupado com as críticas a respeito de seu temperamento, Ciro Gomes pretende evitar no rádio e na TV ataques aos adversários. Focado em propostas nas áreas de segurança pública e economia, as críticas aos demais candidatos têm sido feitas em declarações durante suas agendas de campanha.
Uma equipe de vídeo viaja com o pedetista há algumas semanas, e o candidato já gravou partes de seu programa em estúdio. Na estrada, alguns trechos foram filmados no centro de Guarulhos, com Ciro interagindo com a população. Segundo a comunicação de sua campanha, além do jingle, que tem como mote a palavra “mude”, os primeiros programas vão apresentar sua biografia e propostas, sobretudo econômicas e de segurança.
Caso decida utilizar todo o prazo a que tem direito para apresentar sua defesa às 16 impugnações protocoladas contra sua candidatura, o ex-presidente Lula deverá aparecer na propaganda eleitoral antes de ter o registro de sua candidatura julgado pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De qualquer forma, o PT se prepara para usar o início da propaganda na TV para popularizar o nome de Fernando Haddad, inicialmente aparecendo como candidato a vice. Pesquisas do Ibope e da Datafolha mostraram que o ex-prefeito de São Paulo ainda é desconhecido de boa parte do eleitorado brasileiro.
Na abertura do horário eleitoral, o partido exibirá um vídeo sobre o registro da candidatura de Lula no (TSE). Haddad aparece como uma espécie de apresentador.
Fonte: “O Globo”