Há uma década, a economia brasileira crescia, o dólar custava R$ 1,70 e as contas públicas estavam no azul. Quando o banco Lehman Brothers quebrou, em 2008, jogando o mundo numa turbulência jamais vista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a crise financeira internacional não passaria de uma “marolinha” no Brasil.
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Na opinião de especialistas e ex-integrantes do governo, Lula gerenciou bem a crise e tomou medidas que evitaram o contágio da economia real, seguindo um receituário padrão adotado por vários outros países. Mas o governo Dilma Rousseff, ressaltam economistas, dobrou a aposta: aumentou a dívida para dar incentivos que já não faziam efeito, maquiou contas públicas e controlou artificialmente inflação e juros. Essas medidas, a crise política e os desdobramentos da Lava-Jato fizeram o Brasil mergulhar em uma das maiores recessões da História.
Dez anos depois, o país continua a viver a ressaca da marolinha que virou tsunami. A economia, que havia resistido ao primeiro momento pós-turbulência global, com crescimento recorde de 7,5% em 2010, entrou na sua maior recessão. Entre 2015 e 2016, o tombo acumulado foi de 7,2%, suficiente para fazer o país voltar ao PIB de 2010. Hoje, o país está cerca de 6% abaixo do pico de produção, alcançado no primeiro trimestre de 2014.
Fonte: “O Globo”