A conta de transações correntes, formada pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior), deve registrar um déficit de US$ 14,3 bilhões neste ano.
A estimativa foi divulgada pelo Banco Central nesta quinta-feira (27) por meio do relatório trimestreal de inflação. Até então, a instituição projetava um rombo menor para as contas externas em 2018, de US$ 11,5 bilhões.
De janeiro a agosto deste ano, as contas externas registraram um déficit de US$ 8,9 bilhões. O valor representa uma piora em relação ao ano passado, quando no mesmo período a conta de transações correntes registrou déficit de US$ 3,168 bilhões.
Para o próximo ano, o BC projetou que o déficit na conta de transações correntes vai dobrar, atingindo US$ 34,1 bilhões. “É fundamental destacar que essa projeção é condicionada em cenário de continuidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e ajustes necessários na economia brasileira”, acrescentou o BC.
Leia mais:
Fernando Veloso: Para onde vai a taxa de juros internacional?
Jorge Gerdau e Claudio Gastal: Importância da economia digital para o Brasil
Marcos Cintra: Reforma tributária e movimentação financeira
Balança comercial
Para a balança comercial brasileira, a previsão do Banco Central para o saldo positivo (exportações menos importações) desse ano recuou. Passou de US$ 61 bilhões para US$ 55,3 bilhões de superávit.
A nova projeta considera que as exportações vão somar US$ 231 bilhões, e que as compras do exterior vão totalizar US$ 175,7 bilhões em 2018.
Na parcial deste ano, até 23 de setembro, a balança comercial registrou um superávit de US$ 42,048 bilhões.
Em todo ano passado, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 67 bilhões, o melhor resultado para um ano fechado desde o início da série histórica do ministério, em 1989.
Para o ano de 2019, a previsão da autoridade monetária é de que o saldo comercial positivo vá recuar novamente. A expectativa é de um superávit comercial de US$ 41,6 bilhões no ano que vem, com exportações em US$ 237 bilhões e com as importações em US$ 195,4 bilhões.
Investimentos diretos no Brasil
Apesar do aumento projetado para o rombo das contas externas, também por conta da queda do saldo positivo da balança comercial, o BC estimou que os investimentos estrangeiros diretos deverão somar US$ 72 bilhões em 2018. A previsão anterior era de que somariam US$ 70 bilhões.
No acumulado desse ano, até agosto, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 44,379 bilhões, contra US$ 45,432 bilhões no mesmo período de 2017.
Para o ano de 2019, a instituição estimou que os investimentos estrangeiros deverão avançar para US$ 80 bilhões. Com isso, eles seriam mais do que suficientes para financiar o rombo das contas externas tanto em 2018 quando no próximo ano.
“A melhor perspectiva para a performance da economia doméstica em 2019 deverá estimular os ingressos de investimentos estrangeiros, a despeito das incertezas no cenário externo associadas à normalização das políticas monetárias [alta das taxas de juros] de algumas economias avançadas e ao comércio internacional”, concluiu o BC.
Fonte: “G1”