A uma semana das eleições, o Senado que sairá das urnas no próximo domingo deve continuar dominado por velhos conhecidos e ainda mais fragmentado na distribuição de partidos. O GLOBO analisou as últimas pesquisas de intenções de voto e verificou que, a se confirmar o cenário retratado nos levantamentos, o Senado terá representantes de 23 legendas, cinco a mais que a composição atual.
A maior fragmentação de partidos deve obrigar o próximo presidente da República a gastar mais energia negociando apoios em votações de interesse do governo. Já o número de reeleitos passará da metade dos senadores que tentam um novo mandato. Dos 32 parlamentares nesta situação, 24 têm chances de manter a cadeira.
As pesquisas feitas pelo Ibope, único instituto que tem levantamentos sobre as eleições para o Senado em todos os estados, indicam que MDB, PT e PSDB formarão novamente as maiores bancadas da Casa. Com potencial de se manter como o partido mais numeroso, o MDB deve ver a reeleição de caciques como Renan Calheiros e Jader Barbalho, impulsionados pelo bom desempenho dos filhos na disputa pelos governos de Alagoas, Renan Filho, e do Pará, Helder Barbalho.
Leia mais:
Paulo Moura explica como o atual sistema impede a ascensão de novos nomes ao legislativo
Cientista político fala sobre ameaça do populismo e participação popular na democracia
Sebastião Ventura: Reconciliação Nacional
Se as oligarquias devem garantir mais um mandato, os novos nomes que aparecem bem nas pesquisas não são tão “novos” assim. Eduardo Suplicy (PT-SP), Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) e Esperidião Amin (PP-SC) são alguns dos ex-senadores que estão entre os primeiros colocados nos levantamentos. Para Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que faz estudos sobre o Legislativo, um conjunto de fatores leva o eleitor a escolher políticos com longa estrada, alguns envolvidos em escândalos de corrupção, embora o discurso de renovação política esteja em alta.
— É o processo seletivo dos partidos que não necessariamente escolhe os melhores quadros. Outro aspecto é que o eleitor que deseja renovação é o que mais vota branco e nulo ou se abstém. Então, não intervém no resultado — diz Queiroz, acrescentando que o quadro ainda pode mudar, já que há um número alto de eleitores que, segundo as pesquisas, está indeciso.
Ele destaca que recentes operações da Polícia Federal também podem atingir candidatos bem colocados.
PROS SEM CADEIRA
No Paraná, Beto Richa (PSDB-PR) foi preso em 11 de setembro, em operação que investiga o pagamento de propina em um projeto do governo do estado para modernização e manutenção de estradas rurais. Conseguiu decisão no Supremo pela soltura. Ele está em segundo lugar nas pesquisas e, depois do episódio, perdeu 11 pontos percentuais. No Piauí, a PF fez buscas e apreensões em endereços ligados a Ciro Nogueira (PP), que lidera as sondagens. A operação fez parte de inquérito no guarda-chuva da Lava-Jato, que apura crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa supostamente praticados por empresários, políticos e doleiros. Ele nega as acusações.
PHS, PSOL, Solidariedade, PSC, PRP e PSL podem ter pelo menos um senador eleito. Hoje, eles não têm representação na Casa. Das atuais legendas que ocupam uma cadeira no Senado, o PROS deve ser a única a perder assento. Seu único parlamentar, Hélio José (DF), tenta se eleger deputado federal. O partido não tem chances de eleição em nenhum estado, segundo as pesquisas.
Fonte: “O Globo”