Você já imaginou ficar em uma cidade sem sinal de celular? Isso pode acontecer se você visitar algumas regiões do interior do país. Há cidades em que é muito difícil fazer ligações, “ir de zap”, mexer no Facebook ou acessar notícias online.
Segundo informações da Open Signal, companhia especializada em conexões móveis, a TIM é a operadora com maior cobertura de internet 4G, chegando a 77,4% do território nacional.
Uma alternativa para quem não tem disponíveis os serviços das operadoras é comprar miniantenas, que permitem que seus usuários tenham acesso a serviços de telefonia e internet móvel.
Suprindo a carência da falta de cobertura das operadoras, empreendedores se destacam. Um deles é o mineiro Raul Tavares do Prado, 25 anos. Ele é o fundador das Lojas Mineiras, e-commerce que vende antenas e eletroeletrônicos variados.
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Prado é um dos participantes do Histórias que Inspiram, prêmio organizado pelo MercadoLivre e pela Endeavor Argentina nesta terça-feira (2/10), em Buenos Aires. Ele disputa um prêmio de US$ 15 mil (aproximadamente R$ 60 mil), divulgação do MercadoLivre e sessões de mentoria.
Prado foi criado em Guaipava, um pequeno povoado próximo a Alfenas. Filho de um agricultor e de uma dona de casa, tinha condições financeiras difíceis. “Não passava necessidade mas não tínhamos muito mais que o mínimo para viver. Desde novo, percebi que teria que me virar para conseguir minhas coisas.”
Para ter melhores condições de vida, dedicou-se à educação desde cedo. “Via na escola uma alternativa para ir mais longe. Quando criança, ganhei um computador num concurso de redação. Foi com ele que comecei a vender online.”
Antes de empreender no e-commerce, Prado “dava seus pulos” para conseguir dinheiro. “Catei latinha e vendi produtos da Avon para ter meu dinheiro desde cedo”, afirma.
Sua entrada no e-commerce ocorreu em 2008, quando o empresário tinha 15 anos. Anos depois, Prado veio fazer faculdade de ciências da computação em São Paulo. Desde então, o negócio é tocado da capital paulista.
Dois produtos são os mais vendidos nas Lojas Mineiras: a antena que dá acesso aos serviços móveis das operadoras e um adaptador, feito em forma de uma capinha de celular, que conecta o telefone à antena. “Aparelhos mais antigos tinham uma entrada direta para a antena, mas os smartphones não têm essa funcionalidade e precisam do adaptador para funcionar.”
Seu diferencial, ele diz, é o preço. “Vendo pela fração do preço cobrado por lojas físicas de antenas.”
Suas concorrentes, vale dizer, cobram mais caro porque normalmente instalam os aparelhos. Mas como as Lojas Mineiras vendem tudo online, não é possível oferecer o serviço. “Para ajudar os clientes, fiz manuais de instalação dos produtos. No entanto, muitas vezes os vizinhos que já têm antenas ajudam na instalação do produto”, diz Prado.
As antenas e adaptadores são compradas por Prado de importadoras brasileiras, que compram os produtos da China. As Lojas Mineiras, por sua vez, vendem os artigos em seu e-commerce próprio e em marketplaces como MercadoLivre e Lojas Americanas.
Atualmente, o empresário também vende eletroeletrônicos diversos: smartphones, tablets e notebooks, entre outros.
Quando perguntado se há a chance de as operadoras ampliarem sua cobertura e “quebrarem” seu negócio, Prado diz não acreditar na possibilidade. “Cada município tem uma legislação própria para a instalação das torres das operadoras. É um processo demorado. Apesar disso, espero que todos tenham acesso à internet móvel no Brasil.”
No ano passado, a receita das Lojas Mineiras chegou a R$ 6 milhões. Prado tem seis funcionários o ajudando na operação do negócio. “Quando comecei, não imaginava chegar onde cheguei. É maravilhoso viver tudo isso.”
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”