Brasil, Rússia e México devem ser os países com o melhor desempenho nos mercados até o fim do ano. É o que mostra pesquisa realizada pelo J.P. Morgan com mais de 400 investidores, além de representantes de bancos centrais, governo e analistas durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, realizada em Bali (Indonésia) na semana passada.
Os entrevistados apontaram Brasil (citado por 23% dos participantes), Rússia (23%), México (19%) e Turquia (8%) como os países que devem apresentar maior retorno até o fim do ano.
Segundo o banco, Brasil e Rússia se beneficiam de um setor externo sólido e de um positivo posicionamento técnico, uma vez que a aplicação de investidores estrangeiros nesses países está baixa. “Estamos ‘overweight’ [acima da média do mercado] em real, títulos públicos brasileiros e ações”, aponta o banco em relatório.
Enquanto mais sanções à Rússia continuam sendo um risco, na visão do J.P. isso é uma preocupação menor, principalmente, para os investidores europeus, especialmente se as sanções vierem em linha com as previamente adotadas. “Vemos um risco de alta para o petróleo”, destaca o banco.
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Já em relação ao cenário eleitoral brasileiro, 100% dos entrevistados acham que Jair Bolsonaro (PSL) vencerá a eleição.
Para 40%, a reforma da Previdência deve ser aprovada no ano que vem independentemente de quem vença a eleição. Para 20% dos participantes, a reforma deve ser aprovada em caso de vitória do Bolsonaro. Já 7% acreditam que a reforma será aprovada em um governo de Fernando Haddad (PT). Para 33% dos entrevistados, ela não deve ser aprovada em 2019. “A reforma da Previdência é a mais urgente, mas o cenário político fragmentado torna isso um desafio”, diz o banco.
Os investidores apontaram as ações de mercados emergentes no topo da lista da classe de ativos com melhor performance nos próximos seis a 12 meses, citadas por 41% dos participantes, seguido pelas ações de mercados desenvolvidos (24%). Já entre os ativos que devem ter a pior performance, as visões dos investidores foram variadas, mas os bônus locais de mercados emergentes ganharam mais votos (21% dos entrevistados) como os ativos que devem ter o pior desempenho.
O desempenho desses papéis tem sido afetado pela alta das taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries). Para dois terços dos entrevistados, o Federal Reserve (Fed, BC americano) deve subir os juros de duas a três vezes no próximo ano, com 37% dos participantes vendo a taxa do Treasury de 10 anos entre 3,25% e 3,50% no fim de 2019. Somente 15% dos participantes veem o yield desse papel acima de 3,75%.
Sobre o câmbio, 28% acreditam que o euro deve ficar entre 1,15 e 1,20 unidades por dólar. Já em relação à perspectiva para o preço do petróleo, um terço dos participantes espera que o barril do Brent alcance de US$ 70 a US$ 80 até o fim de 2019, mas quase 45% acham que o preço pode passar de US$ 80.
Ao redor de 60% dos investidores veem S&P 500 em patamar igual ou mais alto que o atual no fim de 2019 e 30% acham que o índice de ações da bolsa americana deve ficar abaixo.
No caso da América Latina, o banco aponta que a região precisa de um rebalanceamento das fontes de crescimento domésticas para reduzir a vulnerabilidade ao ciclo de commodities. O banco destaca que as tensões comerciais podem beneficiar setores como de exportação de soja do Brasil, mas em geral não é boa notícia para a região uma vez que muitos países têm fortes relações comerciais com os Estados Unidos e a China.
Fonte: “Valor Econômico”