O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que a resposta dos países emergentes a choques externos começa no front doméstico, incluindo a continuidade de reformas e ajustes, além de amortecedores dos impactos de tais choques como reservas internacionais e expectativas inflacionárias ancoradas.
“A economia global continua crescendo, mas o horizonte se tornou mais desafiador para os países emergentes”, disse Goldfajn em apresentação, ontem, durante um painel de economistas em evento de despedida da presidente do Banco Central de Israel, Karnit Flug, em Jerusalém, Israel.
Segundo Goldfajn, dois choques recentes vêm afetando os países emergentes: a normalização da política monetária em economias avançadas e os conflitos comerciais. Quanto à normalização da política monetária, como a que vem acontecendo nos Estados Unidos, Goldfajn disse que isso não deveria ser uma fonte de estresse. “A normalização [da política monetária] é algo normal”, afirmou.
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Já em relação aos conflitos comerciais, como se tem visto nas disputas entre Estados Unidos e a China, o presidente do Banco Central disse que o impacto desses conflitos em cada economia dependerá dos seus fundamentos e amortecedores (buffers, em inglês).
Para o presidente do Banco Central, as economias avançadas deveriam reagir a tais choques comunicando bem o processo de normalização monetária e resolvendo os conflitos comerciais.
Já as economias emergentes devem ter como resposta a esses choques a continuidade de reformas e ajustes macroeconômicos necessários. Ele citou também a necessidade de haver credibilidade e flexibilidade de políticas como um regime de câmbio flutuante e de meta de inflação.
Meta de inflação. Em sua apresentação em Jerusalém, Goldfajn fez um breve histórico do regime de meta de inflação em vigor no Brasil desde 1999 e observou que crises de confiança sempre levam o Banco Central a enfrentar depreciação cambial e alta da inflação. Ele destacou, contudo, que recentemente, apesar da depreciação cambial observada ao longo deste ano, as expectativas de inflação seguem ancoradas.
Em um dos gráficos da sua apresentação, Goldfajn mostrou que a tendência da taxa de juros tem sido declinante neste ano, com a taxa Selic parada agora em 6,5% e a taxa real de juros ex-ante (taxa de 360 dias descontada da projeção do IPCA para os próximos 12 meses na pesquisa Focus) caindo para um patamar atual ao redor de 3,11% ao ano.
Fonte: “O Estado de S. Paulo”