O Brasil caiu dois pontos em 2018 no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional, divulgado nesta terça-feira, e caiu nove posições no ranking de países. A nota do país foi de 35 pontos no ano passado, contra 37 em 2017. A escala vai de 0 a 100 e quanto menor o valor, maior a percepção de corrupção.
Foi a terceira redução seguida na pontuação do Brasil. Além disso, o índice do país foi o pior desde 2012, quando começou a vigorar a atual metodologia do estudo. O Brasil ficou em 105 no ranking, entre 180 países, empatado com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia. A Dinamarca ficou em primeiro lugar.
O Índice de Percepção da Corrupção é calculado a partir de 13 fontes de dados diferentes, de 12 instituições distintas, que estimam as percepções de profissionais do mercado e especialistas sobre a corrupção no setor público.
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O diretor executivo da Transparência Internacional Brasil, Bruno Brandão, ressalta que o país teve avanços importantes no combate à corrupção nos últimos anos, em especial com a Operação Lava-Jato, mas afirma que faltaram iniciativas de longo prazo, principalmente do Executivo e do Legislativo.
— É claro que a Operação Lava-Jato teve uma importância crucial para atacar a impunidade histórica da corrupção, principalmente entre os poderosos. Mas é de se esperar em algum momento que essa percepção comece a se converter em um maior enfrentamento da corrupção. O país falhou em olhar para frente e atacar a raiz histórica da corrupção sistêmica. O que nós vimos no governo Temer, especialmente, foi um deserto de propostas de medidas anticorrupção — avalia Brandão.
Um dos pontos destacados no relatório é a relação entre democracia e corrupção. A Transparência Internacional cruzou os dados do IPC com os de três levantamentos sobre o nível de democracia de países — o “Democracy Index”, da The Economist Intelligence Unit (EIU), o “Freedom in the World Index”, da Freedom House, e o “Annual Democracy Report”, da Varieties of Democracy (V-Dem) — e concluiu que, quanto mais democrático um país, menor a percepção de corrupção.
As democracias classificadas como plenas pontuaram, em média, 75 no IPC em 2018, enquanto as democracias com falhas tiveram média de 49. Os regimes considerados híbridos (ou seja, com tendências autoritárias) registraram pontuação de 35, equanto os países com governos autocráticos pontuaram em média 30 pontos.
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Na pesquisa da EIU, o Brasil foi considerado uma “democracia falha”. Para a Fredom House, há situação de “relativa liberdade” no país. Já a V-Dem considera que o país passa por um processo de autocratização.
— Governos de tendência autoritária e de perfil populista capturam, muitas vezes, a pauta anticorrupção e oferecem uma caminho que não é da experiência exitosa de países que conseguiram diminuir índices de corrupção. Esse caminho passa pela via democrática, pela separação entre os Poderes, a participação da sociedade civil e o papel fundamental da livre imprensa — avalia Brandão.
da Transparência Internacional, divulgado nesta terça-feira, e caiu nove posições no ranking de países. A nota do país foi de 35 pontos no ano passado, contra 37 em 2017. A escala vai de 0 a 100 e quanto menor o valor, maior a percepção de corrupção.
Foi a terceira redução seguida na pontuação do Brasil. Além disso, o índice do país foi o pior desde 2012, quando começou a vigorar a atual metodologia do estudo. O Brasil ficou em 105 no ranking, entre 180 países, empatado com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Egito, El Salvador, Peru, Timor Leste e Zâmbia. A Dinamarca ficou em primeiro lugar.
O Índice de Percepção da Corrupção é calculado a partir de 13 fontes de dados diferentes, de 12 instituições distintas, que estimam as percepções de profissionais do mercado e especialistas sobre a corrupção no setor público.
O diretor executivo da Transparência Internacional Brasil, Bruno Brandão, ressalta que o país teve avanços importantes no combate à corrupção nos últimos anos, em especial com a Operação Lava-Jato, mas afirma que faltaram iniciativas de longo prazo, principalmente do Executivo e do Legislativo.
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— É claro que a Operação Lava-Jato teve uma importância crucial para atacar a impunidade histórica da corrupção, principalmente entre os poderosos. Mas é de se esperar em algum momento que essa percepção comece a se converter em um maior enfrentamento da corrupção. O país falhou em olhar para frente e atacar a raiz histórica da corrupção sistêmica. O que nós vimos no governo Temer, especialmente, foi um deserto de propostas de medidas anticorrupção — avalia Brandão.
Um dos pontos destacados no relatório é a relação entre democracia e corrupção. A Transparência Internacional cruzou os dados do IPC com os de três levantamentos sobre o nível de democracia de países — o “Democracy Index”, da The Economist Intelligence Unit (EIU), o “Freedom in the World Index”, da Freedom House, e o “Annual Democracy Report”, da Varieties of Democracy (V-Dem) — e concluiu que, quanto mais democrático um país, menor a percepção de corrupção.
As democracias classificadas como plenas pontuaram, em média, 75 no IPC em 2018, enquanto as democracias com falhas tiveram média de 49. Os regimes considerados híbridos (ou seja, com tendências autoritárias) registraram pontuação de 35, enquanto os países com governos autocráticos pontuaram em média 30 pontos.
Na pesquisa da EIU, o Brasil foi considerado uma “democracia falha”. Para a Fredom House, há situação de “relativa liberdade” no país. Já a V-Dem considera que o país passa por um processo de autocratização.
— Governos de tendência autoritária e de perfil populista capturam, muitas vezes, a pauta anticorrupção e oferecem uma caminho que não é da experiência exitosa de países que conseguiram diminuir índices de corrupção. Esse caminho passa pela via democrática, pela separação entre os Poderes, a participação da sociedade civil e o papel fundamental da livre imprensa — avalia Brandão.
Fonte: “O Globo”